Três grupos de pesquisa da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) foram credenciados para desenvolver pesquisas utilizando recursos da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A portaria foi publicada no dia 26 de setembro no Diário Oficial da União. Entre os credenciados, estão o Laboratório de Biologia Molecular, do Departamento de Genética e Evolução; o Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica (LIEC), do Departamento de Química; e o Grupo de Engenharia de Microestrutura de Materiais, do Departamento de Engenharia dos Materiais (DEMa).
Segundo a ANP, a existência de uma rede de laboratórios é necessária para que seja feito um controle de análises confiável e rastreável e que permita à Agência monitorar a qualidade do biodiesel comercializado no País. Desta forma, o mercado pode consultar, com transparência, os laboratórios e as instituições aptas a realizar ensaios em biodiesel. O cadastramento de laboratórios ainda cumpre a função de proteger os interesses do consumidor quanto à qualidade de produtos.
O docente Victor Carlos Pandofelli é coordenador do Grupo de Engenharia de Microestrutura de Materiais, do DEMa, um dos grupos credenciados pela ANP. O grupo envolve a participação do docente José de Anchieta Rodrigues, além de pesquisadores e alunos. Pandofelli explica que o credenciamento é resultado de um processo de ações que já são desenvolvidas junto à ANP e seu principal cliente, a Petrobras. “Esse credenciamento está associado à qualidade das medidas efetuadas e dos testes realizados nos laboratórios, em sintonia com as necessidades da ANP. Cada laboratório faz seus testes específicos. Assim, essa certificação está relacionada a certas áreas de atuação pois cada grupo tem a sua especialidade”, afirma Pandofelli.
O professor explica que qualquer laboratório que se dispõe a trabalhar com uma atividade específica como o petróleo precisa ter seus testes, seus equipamentos e seu conhecimento alinhados com a empresa-cliente. “Acredito que o credenciamento, no nosso caso, é uma soma desses fatores já como resultado de um longo tempo de interação com a Petrobras”. Ele conta que a interação com a ANP e com a Petrobras teve início com uma chamada de recursos para capacitação dos laboratórios por parte da Agência. “Foram comprados equipamentos e foram feitos projetos de pesquisa que usavam essa estrutura criada. Daí entrou-se em um circuito normal de evolução da pesquisa, agregando pessoas, desenvolvendo projetos e estreitando a relação e, para os casos bem sucedidos, essa relação se fortaleceu e levou ao credenciamento”.
O foco do laboratório nessa interação é o cliente Petrobras. E esse processo é acompanhado pela ANP que percebe que as ações dos laboratórios vão ao encontro das necessidades da Petrobras e, então, libera recursos, conforme explica Pandofelli. “O processo começa com o cliente e não com a Agência. Nós fazemos um pedido de projeto de pesquisa de acordo com as necessidades da Petrobras que analisa se aquela proposta é de seu interesse. Daí, são discutidas as adaptações e, uma vez consolidada essa etapa, é feito, de fato, um projeto, que é submetido à ANP”, explica. “A relação cliente-universidade é analisada pela ANP que, então, libera recursos para projetos e autorização para que esse projeto possa ser realizado. Isso ocorreu no caso do nosso laboratório”, resume.
Reconhecimento
Na opinião do docente, o credenciamento dos laboratórios da UFSCar insere São Carlos como centro de geração de conhecimento relevante para a indústria de petróleo. “Acredito que esse é o início de um processo que trará a certificação de outros laboratórios que estão também prestando serviço para a Petrobras e que podem estar em um estágio diferente de interação”. Para o professor, a interação com a empresa demorou um certo tempo para resultar no credenciamento. “O principal aspecto é devido à nossa distância dos grandes centros empresariais e de conhecimento. Então, são analisadas, em um raio próximo, quais unidades têm essa capacitação. Ao longo do tempo, a Petrobras percebeu que as suas necessidades extrapolavam aquele raio de ação. E, no nosso caso, há quase oito anos, constatou que alguns laboratórios e universidades poderiam, com o investimento de infraestrutura, adaptar-se às suas necessidades", finaliza.