Isso não é por uma mulher; não é pelas mulheres; isso é por todas! Pelo direito sobre nossos próprios corpos! Este é o mote que o movimento pela humanização do parto que, indignados com o caso de Adelir Carmem Lemos de Góes, se reunirão no sábado, dia 12/4, das 9 às 12 horas, na Praça do Mercado Municipal, no ato “Somos Todas Adelir – Ato Contra a Violência Obstétrica”.
Na programação estão ações de conscientização, panfletagem e movimentação, pintura de barriga, cantoria, cartazes, fotos, teatralização, roda de dança e protesto com arte, entre outras que as pessoas se predispuserem a realizar.
Em São Carlos, o ato está sendo organizado pelo Coletivo Maternas São Carlos e região e pelo Grupo de Apoio ao Parto Natural (GAPN), com apoio da Frente Feminista de São Carlos e outros movimento sociais. A manifestação tem repercussão nacional e internacional: será realizada em mais de 22 cidades do Brasil e lugares como Londres, Nova Iorque e Bogotá, com a participação principalmente de mulheres, mães e gestantes, que se reunirão para pedir o fim da violação de direitos humanos contra gestantes na hora do parto.
Entenda o caso
Dia 1 de abril, no meio da madrugada, uma mulher em trabalho de parto foi retirada de sua casa à força – mediante uma ordem judicial, policiais armados e ameaças de prisão ao seu marido, na frente de seus filhos mais velhos – e levada sob custódia para um hospital público designado por uma juíza para sofrer uma cesárea sem seu consentimento. Essa mulher se chama Adelir Carmem Lemos de Góes.
A decisão judicial (provocada a requerimento do Ministério Público) foi fundamentada na opinião de apenas uma médica, sem que a mulher tenha sequer sido ouvida, sem que tenham sido apresentadas provas ou pedida uma segunda opinião, sob a alegação de “proteger a vida do nascituro”, ainda que isso ferisse direitos fundamentais da mulher.
O caso de Adelir Góes, ocorrido em Torres (RS), abre um perigoso precedente que afeta direta ou indiretamente todos que militam por causas ligadas aos Direitos Humanos, Direitos das Mulheres, Direitos Sexuais e Reprodutivos, Direitos das Minorias (Adelir, seu marido e família são ciganos e argumentos discriminatórios têm surgido sistematicamente nos debates sobre o caso), bem como contra toda e qualquer forma de violência contra as mulheres, incluindo aquela praticada pelo poder público e seus agentes. O debate é particularmente importante para todos que têm se debruçado sobre o “Estatuto do Nascituro” e suas potenciais consequências sombrias.
Não se trata de um debate sobre parto normal ou cesárea, e sim de uma violação aos direitos humanos, particularmente ao direito à integridade pessoal, liberdade pessoal, proteção da honra e da dignidade. Trata-se de uma violação aos direitos reprodutivos, que consistem na possibilidade das pessoas poderem escolher, mediante informação, como, quando, onde e em que condições terão seus filhos. Se você não quer ter filhos, se você quer ter filhos por cesárea, o seu direito de escolha também está ameaçado quando o poder médico e o poder jurídico podem decidir por você e usar de medidas arbitrárias para que esta decisão seja cumprida à sua revelia.
Por essas razões, os grupos convocam todas as pessoas, grupos e movimentos que se importam com essas temáticas a comparecerem ao Ato Nacional “Somos Todxs Adelir – Ato Contra a Violência Obstétrica – São Carlos”.
Mais informações podem ser obtidas na página https://www.facebook.com/events/1391949424360968/1391999781022599/?ref=notif¬if_t=event_mall_reply ou maternassaocarlos@gmail.com.
Serviço:
Dia: 12/04
Horário: das 09h00 às 12h00
Local: Praça do Mercado Municipal de São Carlos