O palestrante será o Prof. Dr. Marcelo R. S. Briones, Coordenador do Laboratório de Genômica Evolutiva e Biocomplexidade da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Eugenia é um termo criado pelo cientista Francis Galton, para indicar o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações, seja física ou mentalmente. Em outras palavras, é o próprio Homem direcionando sua evolução pela seleção dos caracteres mais desejáveis como força física e inteligência, na forma de cruzamentos entre indivíduos mais aptos e eliminação dos menos aptos ou fracos.
O primo de Galton, Charles Darwin, propôs uma teoria sobre a evolução das espécies, como sendo produto de um mecanismo gradual de seleção natural de pequenas alterações aleatórias que gerariam novas espécies a partir de espécies ancestrais, na qual os descendentes mais aptos sobrevivem com mais eficiência na competição pela existência. Usualmente, aprendemos que a teoria evolutiva natural apareceu antes das teorias de darwinismo social e eugenia.
Nesta edição do Ciência às 19 horas, o palestrante procurará demonstrar que, na realidade, foram as teorias de seleção social de cunho malthusiano e influenciadas pelo cientista social Herbert Spencer, que influenciaram a teoria da seleção natural. Será mostrado, ainda, como todos estes personagens da seleção natural e de sua "filha" obrigatória, a eugenia, eram conectados pela filiação de seus ancestrais à Sociedade Lunar de Birmingham e que muito do que nos é apresentado como acidental e inspiratório tem uma conexão muito forte com as teorias de superioridade racial da elite do império britânico, que estava em plena expansão durante a era vitoriana e necessitava de uma justificativa moral e natural para dominação de outros povos em estágios evolutivamente mais atrasados.
A Ciência influencia a sociedade ou a sociedade influencia a Ciência? Esta é a questão provocadora que o palestrante irá apresentar, juntamente com dados e documentação que mostram a íntima ligação entre os grupos darwinistas mais radicais, as sociedades de eugenia, os programas de esterilização de incapacitados nos Estados Unidos, o laboratório de eugenia genética de Cold Spring Harbor e a conexão com o programa de eugenia nazista aonde um preeminente geneticista americano, Dr. Charles Davenport, foi um dos mais ativos contribuidores.
Na conclusão de sua apresentação, o palestrante tentará mostrar como os programas de eugenia continuam ativos, mas de modo mais dissimulado em técnicas de genética e reprodução humana, sendo Richard Dawkins e James Watson seus mais visíveis defensores atuais. Finalmente, serão apresentadas algumas visões atuais não-darwinistas da evolução, defendidas por cientistas como Lynn Margulis, Carl Woese e a epigenética de Eva Jablonka. O enfraquecimento da visão de mundo darwinista enfraquece os argumentos eugenistas e este conflito é o pano de fundo de um grande debate na teoria atual da evolução.
Ciência às 19 horas
O programa gratuito é promovido pelo IFSC e coordenado pelo professor Luiz Agostinho Ferreira, contando com o apoio da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP, e tem como objetivo aproximar a comunidade do meio acadêmico ao abordar temas científicos em uma linguagem acessível.
O evento será realizado no Auditório Sérgio Mascarenhas (IFSC), no campus 1, Av. Trabalhador são-carlense, 400.
Mais informações:
Tel.: (16) 3373-8075 e 3373-8689
E-mail: laf@ifsc.usp.br
Site: www.ciencia19h.ifsc.usp.br