Com sessões gratuitas aos sábados, às 20 horas, o Cineclube do Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) da USP, em São Carlos, promoverá a seguinte programação no mês de fevereiro de 2016:
13 – ERASERHEAD
Eraserhead, EUA, 1978, Terror, 89 minutos
Direção: David Lynch
Elenco: Jack Nance, Charlotte Stewart, Allen Joseph
Filme sobre paternidade, acompanha a claustrofóbica vida de um personagem em seu relacionamento com o filho, com a mulher e com a vizinha. Mas esta trama é somente o pretexto utilizado por David Lynch, o diretor, para aplicar seu estilo surrealista que torna o longa-metragem um pesadelo do início ao fim.
O protagonista, cheio de emoções latentes escondidas por uma nebulosidade proposital, descobre que será pai logo após um desastrado e esquisito almoço em família na casa de sua futura esposa. O filho, prematuro, nasce deformado, e as conseguintes situações são mostradas para justificar as atitudes do pai, com a mente impregnada de ideias devastadoras e sempre repetitivas, tornando-se um prisioneiro de si mesmo, quase esquizofrênico.
E então, para ilustrar este abstrato desequilíbrio de pensamentos do personagem, são exibidas cenas excêntricas acerca da seleção natural, a partir do sofrimento emocional de pessoas com aparências afetadas por problemas inatos, como um maquinista de pele desfigurada e uma jovem com bochechas de Fofão. Já seu filho, acomete seu íntimo com o sentimento de injustiça e tentativa de evasão, ao mesmo tempo em que se instaura com amor e faz com que seus instintos paternos se manifestem, mesmo que estes se confrontem com seu próprio inconsciente, que condena a vida do filho e vê para ele um futuro sombrio, repleto de tristezas e anormalidades.
No geral, a trama é agonizante e nada clara, mas é como o pérfido canto de uma sereia, que prende a atenção daqueles que a escutam, pois a cada nova cena exige uma nova explicação, que certamente só poderá ser justificada no final, como um clarão de compreensão, fornecendo além da liberdade, a reflexão. Mas este momento idealizado nunca chega, e a obra não se completa, sendo necessária a sua visão do todo, para apreender de suas partes e concluir qualquer coisa, já que a mensagem do diretor é vaga e nem catalisa a formação de nada.
Lucas Marques Gasparino
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 14 ANOS
Tema: Terror
Contém: Violência
20 – A REGRA DO JOGO
La règle du jeu, França,1939, Comédia, 110 minutos
Direção: Jean Renoir
Elenco: Marcel Dalio, Nora Gregor, Paulette Dubost
“A Regra do Jogo” trata do pior das relações humanas, condenando o homem à luxúria e a mulher como a perdição. A trama se concentra num trio amoroso, composto por um aviador, por uma estrangeira e um homem de negócios, viventes na época da tradicional burguesia francesa, na conturbada década de 1930, momento entre guerras cuja arte estava representada pelas vanguardas artísticas modernas, tanto as da literatura, da pintura, da música quanto à da sétima arte.
No filme, é representado um retrato sutil e irônico dos vínculos entre a aristocracia e o proletariado, sendo que o último obtém uma máscara social diferente daquele clichê que o apresenta como o lado passivo; aqui, o agregado se apresenta imponente, a serva tem opinião, o guarda acumula sentimentos e todos têm segredos e a capacidade do mau-caráter.
Apresentando os costumes a partir de diálogos inteligentes que requerem um conhecimento histórico para apreender do contexto e visualizar a desmoralização da sociedade francesa em geral, o diretor Jean Renoir faz um filme aparentemente raso, com personagens demais e com personalidades vazias demais. Mas é exatamente destes que compõe o pano de fundo que ele consegue ostentar a cobiçosa mente humana.
Robert de la Cheyniest é um Marquês refinado cuja ética lhe impregna a alma. Para manter sua imagem imaculada, que está por um triz devido a um escândalo que envolve sua mulher numa traição com um aviador passional, ele dá uma festa de disfarce em comemoração à façanha daquele por ter cruzado o Atlântico. E é neste baile, repleto de emoções e paixões latentes e de situações das mais cômicas, que ocorre um assassinato devido à máxima manifestação do ego e do banimento da compaixão.
Em seu lançamento, o filme foi alvo de duras críticas e até proibido de ser exibido, o que fez com alcançasse seu verdadeiro objetivo de servir ao futuro como um reflexo verossímil da opulenta França de 1930.
Lucas Marques Gasparino
NÃO RECOMENDO PARA MENORES DE 14 ANOS
Tema: Romance
Contém: Tensão
27 – FERRUGEM E OSSO
De rouille et d'os, França , Bélgica, 2012, Drama, 120 minutos
Direção: Jacques Audiard
Elenco: Marion Cotillard, Matthias Schoenaerts, Céline Sallette
Alain, pai de Sam, vive uma vida conturbada, sobrevivendo com ajuda de improvisos e serviços provisórios. Ex- boxeador, ainda tenta a sorte nos ringues, mantendo de forma simultânea com seus outros trabalhos e dedicando seu tempo ao seu filho. Stéphanie, treinadora de orcas em um parque aquático, vê sua vida se transformar após um trágico acidente de trabalho, que altera radicalmente sua vida. Com o passar do tempo, Alain vai morar com sua tia Anna, que reside no sul da França, sendo ela quem o acolhe juntamente com o seu filho.
Agora, começando uma nova vida com sua tia e deixando seu filho sob seus cuidados, mantém um trabalho de segurança em uma casa noturna, encontrando novas oportunidades em seu antigo sonho, o de lutar. Seu novo emprego irá lhe permitir conhecer Stéphanie, com quem ele irá compartilhar os melhores e piores momentos de sua vida, mesclando entre o novo e a desconfiança, tentando formar e idealizar uma nova realidade para o atual relacionamento vivido por ambos.
“Ferrugem e Osso”, um romance inibido, também considerado sem perspectiva e ausente do amor por uma das partes do casal. O diferencial desta relação é a deficiência física, que ocorre de forma inesperada, dando um enfoque diferente sobre o psicológico dos personagens, deixando de lado o sentimentalismo e dando lugar ao contato carnal. As dificuldades presentes perante esta nova etapa, relatam os preconceitos e as adaptações em função desta “nova vida”, agora vivida por eles. Sendo ela, um espelho que reflete os erros cometidos no passado, que também irá servir para solucionar seus problemas individuais, dando uma nova perspectiva de vida a cada um deles.
Renan Strano de Oliveira
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 14 ANOS
Tema: Deficiência física
Contém: Conteúdo sexual, linguagem imprópria e violência
Apoio cultural da Locadora Vídeo 21.
O CDCC fica na Rua nove de julho, 1227, Centro.
Mais informações:
Tel.: (16) 3373-9772