Nunca se falou tanto sobre intolerância a glúten, como nos últimos tempos, a doença que causa uma série de desconfortos, pode, em casos mais graves se tornar a Doença Celíaca, e se não for diagnosticada em tempo pode ser fatal.
Por isso aquela frase de Hipócrates considerado o pai da medicina, "que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio", nem sempre pode ser aplicada a todos. Sabemos da importância dos hábitos alimentares saudáveis, muitas pessoas passam mal com certos alimentos. Na maioria dos casos, o mal é passageiro e cura-se com algum remédio, mas, em outros, pode desencadear um mal para toda a vida, como a intolerância ao glúten, que pode causar uma doença autoimune, afetando o intestino delgado, interferindo diretamente na absorção de nutrientes essenciais ao organismo, como carboidratos, gorduras, proteínas, vitaminas, sais minerais e água. Ela chama-se doença celíaca e nem sempre é fácil de ser detectada. O diagnóstico pode ser feito especialmente por critérios clínicos, pela análise de sintomas, e alguns sintomas da doença podem aparecer na boca e ninguém melhor do que o dentista para descobrir esse diagnóstico, ainda no início. Segundo estudos, a Odontologia tem papel fundamental na descoberta e no tratamento das lesões a ela relacionadas.
A doença celíaca
Estudos internacionais apontam que 1% da população mundial é celíaca. A doença afeta em torno de 2 milhões de pessoas no Brasil, mas a maioria delas, ainda, sem diagnóstico. A doença caracteriza-se pela intolerância permanente ao glúten em pessoas geneticamente predispostas e carregam sintomas, como diarreia, vômito, perda de peso, inchaço nas pernas, anemias, alterações na pele, fraqueza das unhas, queda de pelos, diminuição da fertilidade, alterações do ciclo menstrual e sinais de desnutrição. O único tratamento é a dieta sem glúten por toda a vida. Caso uma pessoa com doença celíaca consuma alimentos com glúten ou traços de glúten, isso irá provocar uma inflamação crônica no intestino que impedirá a absorção dos nutrientes. A doença celíaca pode se manifestar em crianças, adultos e idosos.
No Brasil, a consciência sobre a doença celíaca aumentou na última década. Normalmente, a doença manifesta-se em crianças com até 1 ano de idade, quando começam a ingerir alimentos com glúten ou seus derivados. A demora no diagnóstico leva a deficiências no desenvolvimento da criança. Em alguns casos, isso ocorre somente na idade adulta, dependendo do grau de intolerância ao glúten que afeta homens e mulheres.
Essa doença é tão perigosa que desde 2003 é obrigatório por Lei Federal (Lei nº 10.674, de 16 de maio de 2003) que todos os alimentos industrializados informem em seus rótulos a presença ou não de glúten para resguardar o direito à saúde dos portadores de doença celíaca.
A doença celíaca na Odontologia
A primeira infância é a fase em que a dentição está em formação e é a época mais fácil para problemas relacionados à estrutura dos dentes instalarem-se. Estudos comprovam que o controle excessivo da dieta – geralmente feito pelas mães – muitas vezes atrapalha no equilíbrio dos nutrientes fundamentais para desenvolvimento dos dentes e dos ossos das crianças. Vitaminas A, C e D são indispensáveis para o bom desenvolvimento ósseo esquelético do ser humano. O cálcio, elemento-base para as estruturas duras do corpo, muitas vezes, é deficiente no celíaco que por isso também pode ser intolerante à lactose, proteína presente no leite, fonte rica em cálcio. Por essa razão, indivíduos com esse problema devem fazer um acompanhamento nutricional para que seja feita uma reposição desse elemento de forma equilibrada.
Segundo o dentista Antonio Almeida Neto, os problemas odontológicos mais frequentes que ocorrem na boca dos portadores da doença celíaca estão relacionados com os tecidos duros (dentes), como bruxismo, amelogênese imperfeita (deposição deficiente e irregular dos cristais de esmalte), manchas por deficiência ou excesso de cálcio, entre outras. “Mas também existem diversas outras que atingem os tecidos moles (bochecha, língua, lábio, palato) como herpes e aftas, só para citar algumas”.
Neto afirma que o principal tratamento é a dieta com total ausência de glúten – quando a proteína é excluída da alimentação, os sintomas desaparecem. A maior dificuldade para os pacientes é conviver com as restrições impostas pelos novos hábitos alimentares. “A doença celíaca não tem cura, por isso, a dieta deve ser seguida rigorosamente pelo resto da vida”, alerta Almeida Neto.
Fonte:
Conselho Federal de Odontologia
Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil
Site especializado em Saúde – Minha Vida
Site Rio sem Glúten
Site Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil