7 – IRMÃOS DE SANGUE
Clockers, EUA, 1995, Drama, 129 minutos
Direção: Spike Lee
Elenco: Mekhi Phifer, Delroy Lindo, John Turturro, Harvey Keitel
Irmãos de Sangue é umas das obras de Spike Lee que retrata a vida no Brooklyn e como funcionava o tráfico de drogas praticado pelos gangsters na década de 1990. Ronald 'Strike' Dunham é um “passador”, traficante de crack que trabalha o dia todo em uma praça. Mas, com o passar do tempo, ele se cansa de seu trabalho atual e se queixa para seu chefe, Rodney Little, que lhe propõe uma oportunidade de promoção. Porém, um traficante rival de Rodney aparece morto, sendo ele e seus passadores os principais suspeitos.
O bom cidadão Victor Dunham se apresenta de imediato como culpado, entretanto, o detetive Rocco Klein suspeita que ele esteja apenas querendo proteger seu irmão Strike, que teria motivos de sobra para eliminar a concorrência local. Mas, Rocco resolve ir a fundo no caso, contrariando a todos, inclusive seu parceiro Larry Mazilli, que acredita que todos os negros nasceram para se tornarem criminosos e se matarem.
Seguindo a linha deste contexto, as subtramas se destacam, como a triste história do assassino Errol Barnes, portador do vírus HIV, e também a amizade de Strike com o menino Tyrone 'Shorty' Jeeter, mostrando como uma mente jovem e desprotegida pode ser corrompida pelas coisas materiais que uma vida criminosa pode trazer, contrastando com o pensamento de que uma vida honesta naquele lugar jamais poderá ter.
A primeira impressão após ler a sinopse é que seria um filme de gangster, porém, Lee, assim como em seus outros filmes, retrata de forma impecável a vida dos negros, mostrando as dificuldades enfrentadas por eles, sendo essas provocadas pela falta de atenção das autoridades, onde a discriminação ofusca a devida justiça. Ele destaca também as qualidades individuais de cada habitante do local, os colocando-os na posição de verdadeiros artistas, como por exemplo, cita diversas vezes o rapper Tupac, que tem suas musicas na trilha sonora do filme.
Renan Strano de Oliveira
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 18 ANOS
Tema: Tráfico
Contém: Tráfico de drogas e violência
14 – ACATTONE - DESAJUSTE SOCIAL
Accattone, Itália, 1961, Drama, 120 minutos
Direção: Pier Paolo Pasolini
Elenco: Franco Citti, Franca Pasut, Silvana Corsini, Paola Guidi, Adriana Asti
Vittorio, mais conhecido como Accattone (mendigo), é um pequeno cafetão que atua nos subúrbios de Roma. Amante de apostas e brigas e também dono de uma reconhecida aversão ao trabalho, ele se sustenta explorando Maddalena, uma prostituta que ele engana com base em uma promessa falsa de amor, e de pequenos golpes, os quais não se envergonha de aplicar tanto em seus amigos quanto em seus inimigos.
O mundo de Accattone fica de cabeça para baixo quando Maddalena vai presa. Desta forma, o jovem cafetão se vê obrigado a vender suas joias para poder comprar comida, uma vez que, todas as pessoas para as quais pede ajuda, ou se encontram em uma situação parecida, ou não se comovem mais com suas falsas lágrimas. Em uma dessas tentativas, ele recorre a Ascenza sua ex-esposa, a qual Vittorio abandonou com os filhos, e, sem qualquer resquício de remorso, pede para que ela e sua família o sustentem, com a justificativa de que os filhos da jovem também são seus e que os meninos precisam crescer com um pai ao lado. Accattone só desiste da ideia quando é ameaçado tanto pelo irmão quanto pelo pai de Ascenza.
Em meio a uma vida cheia de incertezas, Accattone conhece a jovem e inocente Stella, por quem se apaixona. Stella parece não entender ainda como funciona a vida na sarjeta, e isso faz com que Vittorio, em um primeiro momento, busque uma forma de explorá-la. Mas, ele logo compreende que, para permanecer junto dela, deverá encontrar uma forma honesta de seguir com a vida.
O diretor Pier Paolo Pasolini apresenta um filme com vários elementos em comum com os trabalhos do germano-estadunidense Charles Bukowski, escritor conhecido por seus romances e poemas que retratam a vida dos marginalizados. A maneira como é retratada a vida na periferia das grandes cidades, onde somente os mais malandros sobrevivem, o significado que é atribuído à morte, que passa a ser vista como uma necessidade humana sem a qual o homem acabaria por enlouquecer, as pequenas reflexões sobre tarefas do cotidiano, que, em geral, terminam com uma conclusão niilista. Essas são apenas algumas semelhanças entre o diretor e o escritor, mas, a mais importante, certamente, é a crítica a uma sociedade de consumo onde aqueles que produzem não consomem e os que consomem não produzem.
Miguel Lopes da Silva Filho
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 16 ANOS
Tema: Prostituição
Contém: Violência e abuso
21 – DE TANTO BATER, MEU CORAÇÃO PAROU
De Battre Mon Coeur S’est Arête, França, 2005, Drama, 102 minutos
Direção: Jacques Audiard
Elenco: Romain Duris, Aure Atika, Niels Arestrup, Jonathan Zaccai, Linh Dan Pham
Tom é filho de Robert Seyr, um agente imobiliário corrupto, por quem nutre grande carinho e afeição. Robert, por sua vez, aproveita-se da dedicação de seu filho para fazer com que ele realize todo o trabalho sujo em seu nome, recorrendo, frequentemente, a chantagens emocionais para manipulá-lo. Tom, por outro lado, está sempre disposto a ajudar o pai, chegando ao ponto de usar a violência para não decepcioná-lo, e acaba em um mundo onde a brutalidade e a traição são elementos comuns.
A oportunidade de abandonar a vida de golpes surge através de uma audição de piano com o antigo empresário de sua falecida mãe. O jovem passa, desta forma, a se dedicar ao piano ao mesmo tempo em que continua a trabalhar para seu pai, que se opõe a decisão do filho. Tom vai em busca de uma professora de piano e acaba por encontrar Miao Lin, uma jovem chinesa que pouco compreende o francês e o inglês.
Dividido entre dois mundos completamente opostos, ele se vê, pela primeira vez, obrigado a abandonar o papel que representa de filho e funcionário dedicados para se tornar quem realmente anseia ser.
O filme, dessa forma, expressa algumas das bases da filosofia do francês Jean-Paul Sartre, o filósofo da liberdade, como o fato de caber ao indivíduo escolher o rumo de sua própria vida. Outro ponto em comum entre o filme e o filósofo está na necessidade do outro para que o indivíduo compreenda melhor suas decisões, uma vez que, Tom confirma cada vez mais seu plano de ser pianista ao passar a repudiar as atitudes tomadas pelos seus colegas de trabalho.
Com uma premissa interessante e trama envolvente De Tanto Bater, Meu Coração Parou é uma obra filosófica que retrata o ser humano na busca de transcender as barreiras impostas pelo seu ambiente social à procura de sua humanidade.
O filme conquistou vários prêmios, entre eles, o BAFTA de cinema de 2006 na categoria melhor filme estrangeiro.
Miguel Lopes da Silva Filho
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 14 ANOS
Tema: Relações Familiares
Contém: Violência, linguagem obscena, relações íntimas e assassinato
28 – NÃO HAVERÁ SESSÃO
O CDCC fica na Rua nove de julho, 1227, Centro.
Mais informações:
Tel.: (16) 3373-9772