O Sindicato dos Servidores Públicos e Autárquicos Municipais de São Carlos (Sindspam), usou a Tribuna Livre na sessão da Câmara Municipal nesta terça-feira (02). Com o plenário lotado de servidores do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), o diretor do sindicato, Lucinei Custódio, que também é servidor da autarquia, leu uma carta e alertou a população dos prejuízos que todos terão, caso o prefeito Paulo Altomani (PSDB), faça a concessão ou privatização dos serviços do SAAE. “Nossa vinda a esta casa hoje é pra mostrar a população à barbárie que o prefeito Paulo Altomani está querendo fazer com nossa cidade. Já não bastasse a situação precária que se encontra São Carlos, agora ele quer privatizar ou fazer uma concessão do SAAE, isso significa cidadão, que sua conta de água ficará muito mais cara, para que meia dúzia de pessoas leve vantagem”, disse Lucinei.
Ele explicou que o SAAE hoje é uma autarquia que caminha com pernas próprias, com capacidade de investimento, que está o tempo todo modernizando seus equipamentos e investindo para que ocorra o mínimo de vazamentos e de falta d’água na cidade. “É uma autarquia com cerca de 500 servidores capacitados e concursados, capazes de resolver qualquer problema que vier acontecer”.
O diretor do sindicato disse ainda que Altomani mente quando diz que com a concessão, toda a rede mestra de água será trocada e com isso acabar com os vazamentos, “os vazamentos existentes acontecem na ligação da rede para a residência ou estabelecimento e não na rede mestra”, alertou.
Lucinei também citou a suposta dívida que o SAAE tem com a Prefeitura que Altomani tanto fala em suas entrevistas. “Ele nunca mostrou nenhum documento sobre essa tal dívida. Entendemos que não é privatizando ou fazendo uma concessão do serviço de água e esgoto que esses problemas serão resolvidos, o que precisamos é de administradores sérios e compromissados com os cidadãos são-carlenses”.
Lucinei ainda fez questão de frisar que uma empresa privada seja ela qual for chegará com o único objetivo de lucrar pelos serviços prestados. “E quem vai pagar o lucro desses empresários? Somos nós o povo! Sem dizer que o SAAE hoje tem uma consciência ambiental onde 50% da água captada vêm dos rios Ribeirão Feijão e Monjolinho e os outros 50% dos poços artesianos. A captação de água dos rios custa mais caro e com certeza uma empresa privada irá sugar até a última gota de água dos poços.”
O sindicalista também apresentou números, hoje em São Carlos quem consome até 10m³ de água paga somente 3m³. “Será que depois de uma concessão/privatização esse desconto ou incentivo continuará existindo? E os prédios públicos municipais e as entidades que são isentos da conta de água, como ficará?”, alertou
Lucinei também mostrou que os moradores de Matão tiveram aumento de 858% na conta de água no ano passado, isto é, quem pagava a tarifa mínima de R$ 9 passou a pagar em janeiro daquele ano R$86,28. Outro município citado foi Piracicaba, a agência reguladora da cidade autorizou em 12 meses, três aumentos nas contas de água da população. Ao final, Lucinei agradeceu a mobilização dos servidores do SAAE e de outras entidades e também dos vereadores que já se manifestaram publicamente que são contrários a privatização e ou concessão do SAAE. “Essa luta é de toda a população de São Carlos, os senhores vereadores são nossos representantes, confiamos e contamos com a colaboração de todos. E que fique claro ao senhor Paulo Altomani e aos vereadores que insistem em apoiar as loucuras desse prefeito e seus cupinchas, que as eleições estão chegando e o povo dará a resposta nas urnas”, finalizou, sob aplausos dos servidores presentes.
Pressão funcionou - A pressão dos servidores do SAAE que estiveram na sessão, fez com que a maioria dos vereadores assinassem um documento onde os edis repudiam qualquer projeto que possa culminar com a concessão ou privatização completa ou de parte da autarquia.
Assinaram o documento em favor dos servidores do SAAE: Lineu Navarro, Bragatto, Marquinho, Maurício Ortega, Lucão Fernandes, Catharino, Roselei, Laíde Simões, Penha, Dé Alvim, Cidinha do Oncológico, Julio Cesar, Sergio Rocha, Ditinho Matheus, Zé Rabello, Ronaldo Lopes e Rodson Magno.
Não assinaram os vereadores Eduardo Brinquedos e Edson Fermiano (ele disse que já havia comunicado a direção do sindicato ser contrário à privatização). O vereador Freire esteve ausente da sessão e justificou a falta alegando motivos de saúde.