Elton. Esse é o nome do grande destaque do São Carlos na fase decisiva da Segunda Divisão do Campeonato Paulista. Aos 27 anos, o "homem-gol" da Águia comemora a boa fase, iniciada no começo do ano com o acesso com o Taubaté. Neste sábado, contra o Grêmio Prudente, o jogador tem a chance de conquistar o segundo acesso da temporada e dar mais um passo importante em um dos seus próximos objetivos: ser conhecido em seu país.
Nascido em Colorado, Paraná, mas desde os primeiros anos radicado em São Carlos, Elton começou nas categorias de base do extinto Grêmio Sãocarlense, antes de se transferir para o Lemense, ainda aos 16 anos. Na Onça Azul, foram três anos e a primeira oportunidade de realizar um sonho da grande maioria dos jovens: jogar fora do Brasil.
Mas, o destino do centroavante, com 19 anos na época, não foi o grandioso Barcelona, o bilionário Real Madrid, ou o campeoníssimo Manchester United. Longe disso. O jovem foi contratado para jogar no modesto Moroka Swallows, time que disputa a primeira divisão da África do Sul.
- Foram dois anos na África. Saí do Lemense com 19 anos e fui para lá. O mais difícil foi em relação a alimentação e o convívio no geral. Mas, como fui com mais três jogadores brasileiros e o técnico também era do Brasil, isso facilitou muito minha adaptação - contou o jogador.
Se o período na África do Sul o jogador tirou de letra, na China, em sua segunda experiência fora do Brasil, a situação foi mais complicada. Sem falar uma palavra em mandarim - idioma local -, o atacante passou por apuros para conseguir se comunicar, precisando adotar técnicas, no mínimo, inusitadas.
- Na China foi bem mais difícil. Eles não falavam inglês, só mandarim. Vivi várias situações curiosas. Para pedir táxi, por exemplo, era muito difícil. Os taxistas não paravam quando a gente acenava, por verem que éramos ocidentais e, provavelmente, imaginavam que não falávamos mandarim. Para os que paravam, nosso meio de comunicação era apresentar o cartão do hotel e apontar para ele, na esperança que o taxista entendesse que queríamos ir pra lá. Era só assim para conseguir chegar ao hotel - relembrou o jogador.
- Outra dificuldade era pra comer. Eu não entedia o que estava escrito nos cardápios. Então, a gente contava com a ajuda de um tipo de assessor cedido pelo clube que falava espanhol para nos ajudar, indicando o que era cada prato. Mas, como ele aparecia só a cada 15 dias, eu sempre comia o mesmo prato até ele aparecer de novo e nos indicar um novo prato do cardápio. Ou seja, repetíamos o mesmo prato por muitos dias.
Reconhecimento e pressão
Há três anos de volta ao futebol brasileiro, Elton ainda busca seu espaço e reconhecimento no futebol nacional. Artilheiro do São Carlos na Segundona - quatro gols em seis jogos -, o centroavante revela a pressão sofrida na própria casa para balançar as redes.
- Estou podendo ajudar e encaixei bem no time. Aos poucos, estou superando as desconfianças da torcida. Por ser da cidade, a pressão é maior, até dentro da minha própria casa. Tenho que pegar uns 30 ingressos por jogo para o pessoal de casa ir ao Luisão [estádio do São Carlos] e ainda me pressionam para fazer gols - contou o camisa 9, que espera levantar o primeiro título com o clube da cidade.
- O que eu desejo mesmo é fazer um bom jogo contra o Prudente [próxima partida do São Carlos, no sábado, às 16h] conseguir o acesso e que a gente levante mais esse título. Quero ser campeão de novo, agora em casa - finalizou.