O São Carlos segue sua preparação para a disputa da Copa Paulista e tem como trunfo alguém com uma história especial em sua comissão técnica. Mais especificamente na preparação de goleiros, o clube conta com Ivan do Prado, ex-goleiro do Sãocarlense, antiga equipe que representava a cidade, que já defendeu pênalti do multicampeão Raí, em pleno estádio do Morumbi. Após rodar o Brasil e o mundo, o profissional quer utilizar sua experiência para ajudar o São Carlos na disputa da competição.
Natural de São Carlos, Ivan do Prado, 53, é ex-goleiro profissional que chegou a atuar pelo Grêmio Sãocarlense, clube que manteve atividades profissionais entre 1975 e 2000. Após pendurar as chuteiras, iniciou trabalho como preparador de goleiros e teve passagens por clubes do interior do Estado, Juventus da capital, equipes do Nordeste como ASA (AL) e até do Oriente Médio (Banyais Club de Abu Dhabi).
Sucesso contra o 'terror do Morumbi'
Ivan do Prado atuou em 1991 no Grêmio Sãocarlense e, em uma partida diante do São Paulo, em pleno Morumbi, defendeu uma cobrança de penalidade máxima batida por Raí, que anos mais tarde seria bicampeão mundial pelo tricolor paulista e tetracampeão pela Seleção Brasileira.
“Às vezes saio na rua e as pessoas comentam esse feito. O Raí era um grande batedor de pênaltis e tive a felicidade de defender naquela ocasião. Marca a carreira de um atleta, já que é um campeão do mundo e sinto muito orgulho desse feito”, descreveu.
De 2004 a 2007, Ivan do Prado trabalhou no Oriente Médio. “Trabalhei um ano com o Cláudio Garcia, ex-técnico de Flamengo e Fluminense. Por ele já estar lá, a adaptação foi mais fácil no início. Quando ele saiu, já estava mais adaptado, porque o pessoal ensina a falarmos a língua de lá. A comida é parecida, tem mercado que existe no Brasil. Só às vezes que comia algo que não sabia, quando era convidado para ir na casa de alguém (risos)”, comentou.
Com relação ao trabalho, Ivan acredita que apesar das diferenças culturais, a metodologia aplicada acaba sendo a mesma. “O trabalho é o mesmo independentemente do lugar. O que muda é a adaptação. Em São Paulo, pela estrutura que tem, os profissionais acabam tendo uma facilidade maior para entender os trabalhos”, comparou.
Do tempo que permaneceu fora do país, o profissional contou uma situação inusitada na qual ele viveu. “Uma vez, o Sheik queria passar pela estrada e a segurança fechou a estrada meia hora antes e meia hora depois. Todos estavam muito bem armados e chegou até a assustar”, contou.
O São Carlos e a Copa Paulista
Ivan falou da evolução na vida do goleiro ao longo do tempo. “Foram muitos anos como atleta e estou há 20 como preparador de goleiros. Na minha época, não tinha um profissional dedicado aos goleiros, os treinamentos eram entre nós. Com o passar do tempo veio a evolução e fez uma grande diferença na vida dos goleiros”, apontou o profissional que também falou da relação com os arqueiros do São Carlos.
“Nosso relacionamento é excelente. São profissionais sérios e que se dedicam. Quando o treino se inicia, a brincadeira é deixada de lado. Sempre falo com eles que tem jogo que vai fazer dez defesas e outros que não farão nenhuma. Por isso treinamos muito, pois a margem de erro do goleiro tem que ser a menor possível”, revelou.
Do Prado falou ainda dos objetivos do São Carlos na Copa Paulista. “É um campeonato que dá vaga para torneios nacionais. Mantivemos uma base forte e sempre entramos para conquistar. Estamos trabalhando muito e como profissional mais velho, acabamos sendo um espelho para os atletas mais novos alcançarem os objetivos”, emendou.
Novos planos
Por fim, Ivan do Prado já planeja o futuro fora das quatro linhas. “Vou fazer 54 anos e escolhi esse projeto pelas pessoas que administram. Sabemos as dificuldades do meio do futebol e todos são muito sérios. Uma hora a perna cansa. Quando parar com a função de preparador, quero trabalhar na parte de supervisão ou gerência, mas sempre aqui em São Carlos, onde me sinto bem”, concluiu.