O Sindicato dos Servidores Públicos e Autárquicos Municipais de São Carlos (Sindspam), realizou na manhã desta segunda-feira (01), uma assembleia com os servidores do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), para tratar de assuntos relacionados a uma possível privatização e ou concessão da autarquia para a iniciativa privada.
Para o encontro desta segunda-feira, a diretoria do sindicato convidou através de ofício, todos os 21 vereadores. Compareceram os vereadores Aparecido Donizetti Penha (PPS), Marquinho Amaral (PSDB) que também representou o presidente Lucão Fernandes (PMDB), Walcinyr Bragatto (PV), Ronaldo Lopes (PT), Cidinha do Oncológico (SD), Antônio Carlos Catarino (PTB), Mauricio Ortega (PSDB), Lineu Navarro (PT), assessoria dos vereadores Paraná (PHS) e Roselei Françoso (REDE), além do deputado estadual Airton Garcia e representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Alguns dos vereadores presentes usaram a palavra para manifestar apoio aos servidores do SAAE. Maurício Ortega, mesmo pertencendo ao partido do prefeito, disse que não irá ocorrer privatização do SAAE. Já o vereador Penha disse que os “servidores e grande parte da população manifestam-se contrários à mudança”. Ele ainda garantiu total apoio na luta dos trabalhadores. "Os funcionários podem contar com meu apoio, irei me empenhar para conscientizar os meus pares contra essa modificação, que irá afetar além dos servidores, toda a população de São Carlos".
A vereadora Cidinha do Oncológica, que também é funcionária pública municipal, fez questão de frisar seu apoio aos companheiros do SAAE. Ela lembrou que em várias cidades a privatização ou concessão não deu certo. “Fiz questão de estar presente neste movimento para dizer que eu estou com vocês, eu sou funcionária pública também e vocês podem contar comigo”.
O vereador Ronaldo Lopes, que também é sindicalista, reiterou mais uma vez sua posição contrária à privatização/concessão da autarquia e disse que a categoria metalúrgica se solidarizava com a luta dos servidores. “Não vamos deixar que os interesses do prefeito falem mais alto que os interesses da população. O SAAE é nosso! Juntos vamos lutar para que essa barbaridade não aconteça”, disse Ronaldo.
Lineu Navarro por sua vez fez novamente pesadas críticas ao prefeito e a alguns colegas da Câmara. Ele disse que a decisão de privatizar ou conceder o SAAE, passa agora a ser do poder Legislativo e por isso pediu para que cada servidor olhe nos olhos de cada vereador, “para que eles adotem uma postura e desçam do muro”. Lineu enalteceu o fortalecimento do grupo de parlamentares contrários a privatização.
O vereador Marquinho Amaral fez um discurso caloroso e disse que o prefeito não pode achar que a Prefeitura e o SAAE é uma extensão da empresa que ele (Altomani) administra. Marquinho desde o começo das discussões tem ficado ao lado dos servidores e contrário a vontade do prefeito Altomani.
O deputado estadual Airton Garcia (PSB) afirmou que irá trabalhar para que “a maracutaia da venda do SAAE não ocorra”. Para Airton o prefeito quer dar a autarquia a preço de banana para a iniciativa privada. “Um patrimônio de São Carlos que não pode ser dado para os outros. Por que o prefeito não dá a empresa dele?", disse.
Para o presidente do Sindspam, Adail Alves de Toledo a assembleia foi bastante positiva, “conseguimos ampliar o apoio dos vereadores na nossa luta, contamos com eles para evitar que o SAAE seja entregue de mão beijada para a iniciativa privada”, disse.
Ao término da assembleia, uma comissão de servidores foi formada com o objetivo de realizar movimentos para esclarecer a população quanto aos malefícios que a concessão ou privatização pode causar, principalmente no bolso dos cidadãos.
Prefeito voltou a manifestar desejo – Em entrevista ao Jornal Primeira Página, edição de domingo, 31 de janeiro, o prefeito Paulo Altomani, voltou a manifestar seu desejo de privatizar ou conceder partes dos serviços do SAAE. “Queremos levantar mais de R$ 50 milhões que o SAAE tem em dívidas com a Prefeitura. Não adianta ficarmos enxugando gelo. As redes de água estão podres. A gente pavimenta a rua, depois o SAAE abre o asfalto e faz aquele remendo, às vezes mal feito. Nós temos que avançar e transferir uma parte do serviço à iniciativa privada”, disse o prefeito ao jornal.
Altomani ponderou que o processo de concessão não é algo ‘que sai da cabeça do prefeito e se faz a esmo’. “Nós vamos discutir esse processo com a sociedade, com os funcionários e com os vereadores. Eu defendo, sim, a realização de audiências públicas e o processo terá a discussão com os vereadores. Precisamos de 11 votos e se tudo conspirar a favor, vamos conceder o esgoto. Entre a água e os rejeitos, eu prefiro ficar com a água e trazer um bom dinheiro para São Carlos”, disse.
Sobre o funcionalismo público, Altomani deixou claro: “Eu quero tranquilizar os funcionários. Quem não trabalha, precisa se preocupar, agora o funcionário que se dedica ao SAAE e que trabalha direito, não tem o que temer”.