|
Navalha na Carne
Drama - Neville D´Almeida - Brasil/1997 com Vera Fischer, Carlos Loffler, Jorge Perugorría, Carlinhos Brown, Isabel Fillardis, Paulo César Peréio Duração: 105 minutos Censura: 16 anos
Sinopse: Este filme é realmente curioso, pois além de preservar a complexidade dramática da obra original de Plínio Marcos também oferece oportunidades para analisar a qualidade técnica do cinema nacional da época. O diretor do filme, Nelville D´Almeida é notório por suas obras experimentais, sempre carregadas de um erotismo muito forte, mas também por sua criatividade e por extrair lirismo de situações improváveis, bem como por dar ênfase à reflexão e a análise do homem de forma pessoal e sutil.
Navalha na Carne é um filme inusitado. Algumas vezes lembra o cinema mais kitch de Pedro Almodóvar, noutras algum filme conceitual sem diálogos e planos muitos demorados, o que acaba sendo conveniente para delinear um roteiro que trata de pessoas que perderam seus valores e o respeito pelos outros, unicamente interessadas no convívio se este trouxer alguma satisfação imediata para elas, pois perderam as perspectivas de um futuro melhor.
Neusa Sueli (Vera Fisher) é uma prostituta que apesar de ser constantemente maltratada pelo seu cafetão, Vado, é perdidamente apaixonada por ele. Certa noite Vado não encontra o dinheiro de Neusa e descontrolado tenta fazer com que ela confesse que esta escondendo o dinheiro dele. Diante da resposta negativa da prostituta, eles consideram que talvez Veludo, uma espécie de travesti, tenha roubado o dinheiro. Agora será Veludo quem sofrerá com as ameaças do casal e uma relação tensa, agressiva e desesperada surgirá entre eles.
Esta é uma obra que tenta mostrar que mesmo as pessoas mais à margem da sociedade passam por conflitos comuns e que são as circunstâncias que ditam os formatos mais ou menos impetuosos que norteiam tais conflitos. Assim, fica relativamente mais fácil adquirir simpatia pelos personagens e entender melhor o mundo deles.
A teatralidade do filme é evidente, bem como a interpretação de Vera Fisher, mas isto não chega a ser necessariamente ruim, pois todo o filme partilha de uma artificialidade que até serve para amenizar o clima pesado da obra, apesar do texto de Plínio Marcos ser forte por si só. Assim, tem-se uma obra que cativa e faz entender melhor a perspectiva de seres humanos imersos em uma realidade dura e que, talvez por culpa própria, não conseguem melhorar sua situação. | | |
|
|