O filme conta a história de celebração da fé, que o povo da pequena cidade ribeirinha do interior do Amazonas, tem no líder religioso Santinho (Daniel de Oliveira); tal crença foi proveniente de certa menina desaparecida havia vinte anos, cuja roupa foi encontrada e trazida até Santinho por um cachorro. Tal relação da menina com Santinho estabeleceu a fama de milagreiro capaz de curar e fazer previsões para o próximo ano. Às vezes, é questionável a irracionalidade da fé empregada a tal acontecimento. O irmão da menina, Tadeu (Juliano Cazarré), faz menção a dúvidas de tal cunho.
Matheus Nachtergaele estreia bem em seu longa; observa-se riqueza no roteiro: traços da personalidade são discutidos e analisados o tempo todo da projeção, pois o passado dos personagens é trazido, pelos diálogos, aos poucos e totalmente fora de ordem, isto é, deixando por conta do público juntar todos os elementos e sintetizar a história de cada personagem.
A idéia para A Festa da Menina Morta veio quando Nachtergaele filmava O auto da Compadecida em Cabaceiras, interior da Paraíba, e o ator presenciou uma cerimônia religiosa na casa de uma família, que oferecia seu terreno para a celebração do milagre de sua filha, que havia desaparecido, mas enviado seu vestido após muitas preces.
É perceptível a influência que Cláudio Assis (Amarelo Manga e Baixio das Bestas) exerceu sobre Nachtergaele: homens agem e reagem como animais. O aspecto animalesco e bestial é notado também vendo jacaré com a barriga aberta na beira do rio, gritos de um porco sendo morto e depois tem a cabeça afogada junto a um cardume, tartarugas sobre tartarugas, galinha dependurada com o pescoço cortado. Enfim, não faltam animais no mundo dos homens.
Dia: 25/09
Horário: 20h
Fabrício Borges Moreira
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 18 ANOS
Tema: Peregrinação
Contém: Consumo de drogas lícitas, incesto, relação sexual
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