Com sessões gratuitas aos sábados, às 20 horas, o Cineclube do Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) da USP, em São Carlos, promoverá a seguinte programação no mês de março de 2017:
4 – AS AVENTURAS DE PI
Life of Pi, Estados Unidos, 2012, Aventura, 122 minutos
Direção: Ang Lee
Elenco: Suraj Sharma, Irrfan Khan, Gerard Depardieu
Pi Patel é um jovem vegetariano que vive na Índia. O rapaz foi criado em um zoológico, que pertencia a sua família, localizado na cidade de Pondicherry ao sul do país. Já adulto e vivendo no Canadá, decide contar a seu amigo os divertidos contratempos que ocorreram em sua vida até então. Como, por exemplo, a origem de seu nome, que homenageia uma piscina pública francesa, ou como foi a sua trajetória para se tornar um hindu-cristão-islâmico.
Logo em seguida, ele começa a contar a sua mais improvável aventura, uma história que, segundo um amigo do pai de Pi Patel, seria capaz de fazer quem a escutasse a acreditar em Deus. Pi passa a explicar ao escritor como um jovem garoto e um tigre de bengala chamado de Richard Parker, foram capazes de sobreviver dias à deriva no oceano Pacífico e o quê viram durante esse tempo.
A obra trata da necessidade do outro, como abordado na obra de filósofo francês de Jean-Paul Satre, mesmo que este não possua consciência de si e do mundo. Sartre separa os seres, sendo este um termo que engloba objetos também, em duas categorias. O Em-si, composto por seres que apenas existem e não são nada além disso, e o Para-si, seres que apresentam uma consciência e com ela são capazes de interpretar o mundo ao seu redor e como atuar nele.
Desta maneira, o tigre, em-si, permite ao protagonista, para-si, criar relações entre os demais seres presentes nessa situação e, assim, criar um sentido para a realidade que passa a viver.
As Aventuras de Pi arrecadou quatro prêmios Oscar no ano de 2013, incluindo as categorias de melhor diretor e melhor fotografia.
Miguel Lopes da Silva Filho
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 10 ANOS
Tema: Sobrevivência
Contém: Violência
11 – MADAME BOVARY
Madame Bovary, Reino Unido, 2000, Drama/Romance, 76 minutos
Direção: Tim Fywell
Elenco: Frances O'Connor, Hugh Bonneville, Greg Wise
Emma é uma jovem que não se adapta ao colégio de freiras e decide abandoná-lo após a morte da mãe, e quer se entregar a uma paixão e casar-se.
Após seu pai se acidentar, Emma apaixona-se pelo médico responsável por cuidar da perna fraturada de seu genitor, Charles Bovary. Charles tornou-se viúvo recentemente e mora com a mãe, uma mulher autoritária que decide o que é melhor para o filho em todos os momentos.
Charles e Emma, agora Madame Bovary, casam-se e a donzela se encanta com a atual vida de casada e com o futuro que pretende ter ao lado de seu marido. Porém, com a constante ausência de Charles, que a todo momento está viajando para visitar seu pacientes, Emma Bovary começa a ficar entediada. Para melhorar a situação da esposa, Charles decide mudar de província, é então que Madame Bovary começa a se interessar por outros homens e ainda muito jovem começa a fantasiar relações amorosas com seu novo amigo Leon. Nem o nascimento de sua filha freia sua ansiedade e sua vontade de se aventurar em um romance que não seja com seu marido.
A situação financeira não é favorável ao casal, isso torna o relacionamento da família Bovary ainda mais problemático. Quando um visitante, um homem que levou um novo paciente a seu marido, chega à pequena província e torna-se amigo da família, a vida de Emma e a relação dela com sua família nunca mais será a mesma.
Eric Martins da Silva
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 16 ANOS
Tema: Relacionamentos amorosos
Contém: Conteúdo sexual
18 –SENTADO À SUA DIREITA
Seduto alla sua destra, Itália, 1965, Drama, 90 minutos
Direção: Valerio Zurlini
Elenco: Woody Strode, Jean Servais, Franco Citti, Pier Paolo Capponi
Ambientado no Congo, o filme retrata a história de Lalubi (livre adaptação da biografia de Patrice Lumumba, primeiro ministro do país em questão, no ano de 1960), o líder, nacionalista, de um grupo que lutava contra os regimes ditatoriais exercidos por colonizadores belgas.
A caçada feita pelos colonizadores é intensa, mesmo sem saber a real aparência física dele. Após muito tempo de procura, a exata localização de Lalubi é entregue aos colonizadores por um suposto ex-seguidor do líder nacionalista. Lalubi é, então, preso e acaba surpreendendo as autoridades com sua inteligência e destreza. Os colonizadores oferecem um acordo de exílio para Lalubi, que rejeita a proposta de imediato, sendo assim, ele sofrerá as consequências após um determinado tempo.
Enquanto está encarcerado, Lalubi conhece Oreste, um homem vivído e inconsequente que já passou por muitos países e muitas prisões e tem muitas histórias para contar. Amigos de cela, eles começam a se ajudar mesmo sem muitos recursos e expectativas e já planejam o futuro como amigos.
Mesmo quando Lalubi sofre as consequências por não ter assinado o acordo de exílio, Oreste tenta ajudá-lo e se aproxima cada vez mais do líder e se tornam parceiros inseparáveis, ainda encarcerados.
Patrice Lumumba foi o primeiro líder democrata do Congo, teve um papel muito importante na independência do Congo em relação à Belgica. Lumumba foi executado logo após a independência do Congo, sua morte é atribuída às autoridades colonizadoras e com influência dos EUA e Reino Unido.
Eric Martins da Silva
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 18 ANOS
Tema: África e neocolonialismo
Contém: Violência e diálogo adulto
25 – O CONFORMISTA
Il conformista, Itália, 1970, Drama, 107 minutos
Direção: Bernardo Bertolucci
Elenco: Jean Louis Trintignant, Carlo Gaddi, Enzo Tarascio
Marcello Clerici é um típico cidadão de classe média da Itália fascista dos anos de 1930, um homem conformado com a vida que leva com um casamento marcado e anseio incomum pela normalidade.
Tal anseio é aquilo que move o protagonista a seguir adiante na trama. O espectador logo percebe que todas as ações tomadas pelo personagem fazem parte de sua tentativa de se tornar um homem comum. Casa-se com uma aristocrata medíocre, cujos pensamentos e ações o próprio marido chama de triviais. Marcello arruma um emprego na polícia secreta de seu país, por acreditar que a sociedade tal como se apresenta a ele é, de fato, a “sociedade normal” que deve ser defendida.
Apesar de seu emprego na polícia secreta, Marcello não é um fascista, mas insiste em querer ser, como ele demonstra várias vezes ao longo do filme para tentar convencer os outros, e a si mesmo, de que compactua com ideais do fascismo.
Após o casamento, Marcello vai para Paris passar a lua de mel e para realizar a sua primeira missão que é de matar um antigo professor universitário de filosofia que se encontra exilado na França. Mas, após conviver alguns dias com o professor e a esposa dele, Marcello se encontra dividido entre o dever e a desmotivação em realizá-la, uma vez que, sua busca pela normalidade não transforma o professor em uma ameaça.
A filósofa alemã Hannah Arendt desenvolveu no século XX um conceito denominado de Banalização do Mal, o qual se refere à normalização moral do mal, ou seja, o mal torna-se corriqueiro. Nesse sentido, um cidadão comum irá praticar as mesmas maldades que se apresentam no cotidiano dele, não por maldade, não por sentir prazer com isso, mas, porque é uma coisa institucionalizada, recorrente. Com isso, pode-se analisar melhor parte das atitudes tomadas por Marcello no decorrer da história. Ele anseia em se tornar um homem medíocre, mas homens medíocres podem realizar genocídios dependendo do contexto.
Miguel Lopes da Silva Filho
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 12 ANOS
Tema: Fascismo
Contém: Relações íntimas e homicídio
O CDCC fica na Rua Nove de Julho, 1227, Centro.
Mais informações: Tel.: (16) 3373-9772