Combater o bullying é a tarefa de muitos professores de escolas públicas e particulares, porém é difícil controlar os constrangimentos e violência por completo. Por isso, que uma doutoranda em psicologia desenvolveu uma cartilha “Psiu, repara aí!”, que sugere ser aplicado até o fim do ano a alunos do 6º ao 9º anos do Ensino Fundamental.
O material foi sugerido ao Ministério da Educação (MEC) pela doutoranda em psicologia Ana Carina Stelko-Pereira, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), durante uma reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Universidade de Goiás (UFG), em Goiânia.
A doutoranda realizou testes com 70 estudantes (35 de cada período) e 95% aprovaram o conteúdo, que inclui caça-palavras, desenhos e histórias sobre bullying. Um livro e um vídeo também podem surgir dentro desse projeto. “Entre as respostas a um formulário anônimo, os participantes destacaram que o material é importante porque ensina como agir caso eles sejam vítimas de agressão. Outros escreveram que a ideia é mostrar que brigas não levam a nada”, ressaltou Ana Carina.
Para a tutora do Portal Educação, psicóloga Denise Marcon, o estudo e pesquisa desenvolvidos pela psicóloga trazem dados muito importantes para possíveis intervenções contra a violência na escola. “Se a cartilha for aderida pelo Ministério da Educação será um excelente instrumento para trabalhar o bullying”, enfatiza Marcon.
De acordo com uma pesquisa paralela, também realizada com a doutoranda, denominada “Violência nota zero”, foram avaliados 400 alunos de duas escolas estaduais de São Carlos. Das 26 questões, os alunos responderam se eram ou não vítimas de bullying, de 10% a 15% responderiam que são vítimas.
Os dados mostraram ainda que 70% sofriam agressão física pelo menos uma vez a cada seis meses e eram ofendidos sete vezes ou mais por semana. Outra pesquisa, também realizada na UFSCar pela pesquisadora Fernanda Pinheiro, mostrou que a violência doméstica pode ser considerada um fator de evidência. Entre as meninas vítimas de bullying, 14% presenciavam agressões ou eram agredidas em casa, contra 7,5% dos meninos. Em 85% dos casos, as mães eram as responsáveis, contra 60% dos pais.