"Um guerreiro responsável não é o que coloca sobre seus ombros o peso do mundo: é aquele que aprende a lidar com os desafios do instante." (Paulo Coelho)
Pesquisa desenvolvida na UFSCar avalia treino que auxilia bebês com alterações neurológicas
UFSCar 14 de Junho de 2017
Um estudo desenvolvido na UFSCar tem como objetivo verificar a eficácia de um treino específico de alcance manual em bebês com alterações neurossensoriomotoras e analisar se ocorrem mudanças nessa habilidade após a aplicação do treino. A pesquisa "Efeito do treino específico no alcance de lactentes de risco para atraso no desenvolvimento neurossensoriomotor" é realizada pela aluna de doutorado Ana Luiza Righetto Greco, do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da UFSCar, sob orientação da docente Eloisa Tudella, do Departamento de Fisioterapia (DFisio) da Universidade.
Ana Luiza Greco explica que o treino de alcance manual é uma adaptação de um protocolo já desenvolvido no Núcleo de Estudos em Neuropediatria e Motricidade (NENEM) da UFSCar, em que o bebê repete o movimento de alcançar um objeto maleável na linha média, com auxílio de uma fisioterapeuta, durante 10 minutos por dia, por quatro dias consecutivos. Esse tipo de treinamento é indicado para bebês de risco, ou seja, aqueles que apresentem algum risco biológico que possa causar atraso no desenvolvimento neurossensoriomotor, como em casos de bebês prematuros, com síndromes genéticas, como o Down, por exemplo, paralisia cerebral, baixo peso ao nascer, malformações congênitas e genéticas. De acordo com a pesquisadora, "quando os bebês apresentam indicadores de risco para essas alterações, é necessário que os profissionais realizem um acompanhamento dessas crianças e as encaminhe para programas de intervenção precoce".
"O treino de alcance manual pode ser benéfico, já que a repetição do movimento de alcançar um objetivo pode fazer com que o bebê adquira experiências sensoriomotoras importantes para o ganho do controle motor", destaca Greco, reforçando o benefício do protocolo proposto em sua pesquisa. "Com esse estudo estaremos ajudando no entendimento de como a estimulação ambiental pode influenciar o desenvolvimento de bebês com alterações neurológicas e, a partir disso, como aplicar essa estimulação neles. Além disso, poderemos ajudar na orientação das mães sobre como estimular a exploração do ambiente por meio do alcance em seus bebês, favorecendo não só o desenvolvimento motor, mas também a interação mãe-filho", relata Greco.
Com a expectativa de bons resultados da pesquisa, Greco afirma que a ideia é divulgar o protocolo por meio de mídias, folders e cartilhas para toda a comunidade, desde pais/cuidadores até profissionais da área da saúde (fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, por exemplo), para que estes apliquem os exercícios em ambiente domiciliar e na prática clínica.
A pesquisadora destaca um importante diferencial do estudo que envolve a tecnologia que será utilizada na avaliação dos bebês. "Faremos, em laboratório, uma análise do movimento por meio de uma avaliação cinemática que permite mensurar a velocidade médica e duração do movimento, dentre outras variáveis importantes para a compreensão do movimento. Para isso, utilizamos um sistema de câmeras altamente tecnológico e sofisticado utilizado em todo o mundo, que rastreia o movimento de forma minuciosa e acurada, a partir de sensores que serão colocados nos bebês. Esse sistema pode ser utilizado para detectar desvios no movimento e verificar melhora no desempenho motor após o treino", ressalta Greco.
Para desenvolver a pesquisa estão sendo convidados voluntários que precisam ser bebês prematuros e/ou de baixo peso por volta dos dois meses de idade. Os participantes passarão por quatro sessões de fisioterapia gratuitas e os pais/responsáveis receberão informações sobre a estimulação dos bebês em casa. Bebês a partir dos dois meses e que não sejam prematuros também podem participar do estudo, mas não receberão o treinamento, e formarão um grupo para comparação com aqueles que foram estimulados. Nestes casos, os pais também receberão informações sobre o desenvolvimento motor atual dos filhos e dicas de estimulação domiciliar.
A previsão é que a fase de aplicação do treino seja realizada até o próximo ano. Os interessados podem entrar em contato com a pesquisadora Ana Luiza Greco pelos telefones (16) 98208-8604 (também por Whatsapp) e (16) 3351-8407 ou pelo e-mail analuiza.nenem@gmail.com.
Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar (CAAE: 66858517.1.0000.5504).