A Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP) recebe nesta sexta-feira (15-10), o professor Inácio Calvino Maposse, da Universidade Eduardo Mondlane, de Maputo, Moçambique. Ele é professor da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal, com especialidade em pastagens e forrageiras, segmento onde concentrará sua visita a essa Unidade da Embrapa em São Carlos. Ele passará o dia inteiro nesse centro de pesquisa e será recebido pela especialista em forrageiras, Patrícia Menezes Santos.
Cooperação com Moçambique
A Embrapa já desenvolve o “Projeto Embrapa Moçambique”, conseqüência de acordo firmado com o vice-ministro de Agricultura daquele país, Antonio LImbau, em recente visita ao Brasil e à Embrapa. Também participa do acordo o Ministério de Relações Exteriores, por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC). A ABC investirá 4,2 milhões de dólares e a Embrapa entrará com quase 8 milhões de dólares, para um período de quatro anos.
O presidente da Embrapa, Pedro Arraes, explicou, na ocasião, que o objetivo do projeto é o fortalecimento do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM).
O aporte da Embrapa é calculado em horas de trabalho da equipe da empresa, que tem a responsabilidade de executar todas as atividades nas áreas de planejamento estratégico, gestão territorial, sistemas de sementes e comunicação e informação para transferência de tecnologia, direcionadas à agricultura, saúde e segurança alimentar, inclusive a autosuficiência na produção de alimentos. Os trabalhos da Embrapa começarão nas regiões de Chimoio, Mutuali e Nampula.
Universidade Eduardo Mondlane
O nome dessa Universidade, localizada na capital Maputo, é uma homenagem ao primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), fundada em 1962, para deflagrar a luta pela independência. Esta só veio em 1975, com a retirada das tropas e autoridades portuguesas, ocasião em que a Frelimo assumiu o primeiro Governo do novo país.
A Frelimo transformou-se em partido e está no Governo até hoje. O Brasil foi então um dos primeiros países a reconhecer a nova nação de língua portuguesa, antes mesmo da declaração formal de independência, apesar das divergências político-ideológicas, naquele então, entre os dois governos.
Eduardo Mondlane foi assassinado em 1969, em Dar-Es-Salam, capital da Tanzânia, onde a Frelimo mantinha sua sede provisória no exílio. Ele recebeu um livro por correio, que na verdade era uma bomba, provavelmente enviada pela então polícia política portuguesa, extinta em 1974.
Mondlane foi sucedido por Samora Machel, naquele momento comandante militar da Frelimo, mas que pessoalmente se dedicou menos à guerrilha e às operações militares e mais às relações e apoio internacional, da parte de organizações de praticamente todos os países e de governos de inúmeras nações, principalmente do Leste Europeu, África, Ásia e algumas da América Latina. Em 1975 Machel se torna o primeiro presidente de Moçambique e morre, anos depois, em acidente de avião.
Moçambique possui quase 800 mil km2 (para comparação, Mato Grosso tem 903 mil km2 e Minas Gerais 586 mil km2) e uma população de cerca de 20 milhões de habitantes. A agricultura é importante atividade econômica, predominando as pequenas propriedades familiares, que produzem, principalmente, mandioca (5,8 milhões de ton em 2008), cana-de-açúcar, algodão, côco, milho (1,3 milhão de ton em 2008). Os produtos agrícolas de exportação são camarão, algodão, caju, açúcar, chá e copra. Em 2005, o rebanho era de 1,4 milhão de bovinos e de 400 mil caprinos.
O Brasil e a China cancelaram, recentemente, os créditos que tinham a receber de Moçambique. O intercâmbio e aproximação entre os três países é crescente. Além da base da Embrapa, estão instalados em Maputo, a embaixada do Brasil e as representações da Petrobras e da Fundação Osvaldo Cruz.