A professora Gláucia Grüninger Gomes, pesquisadora/colaboradora do Grupo de Espectroscopia do IFSC e professora de ensino médio na Escola Estadual Professor José Juliano Neto há 16 anos, já está de volta ao Brasil.
Ela havia embarcado para a Europa no início do mês para participar do programa de educação do CERN, uma Escola de Física inicialmente destinada a professores do ensino secundário de Portugal.
A Sociedade Brasileira de Física (SBF) e o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) negociou a participação de brasileiros no programa, e enviou vinte professores de Física de todo o Brasil para participarem da escola, que foi realizada de 05 a 10 de setembro em Genebra.
Desta forma, o CERN, um dos maiores laboratórios de pesquisa em Física do mundo e responsável pelo grande colisor de prótons "Large Hadron Collider" (LHC) ampliou o alcance do programa para países de língua portuguesa, envolvendo 45 professores de Portugal, 20 do Brasil, 5 de Moçambique, 3 de Angola, 1 de Cabo Verde e 1 de São Tomé. A professora Gláucia nos contou detalhes da experiência.
“O CERN é a Meca do conhecimento”
“Foi inimaginável, realmente excepcional”, disse, ainda impressionada. “Foi uma experiência única para o grupo todo”. Ela conta que, neste período de seis dias, pôde absorver contribuições absolutamente positivas para sua vida profissional, como reflexões sobre formação de professores, de dificuldades no processo de ensino-aprendizagem, um possível artigo científico em colaboração com um colega, além de uma programação de cursos e palestras que pretende oferecer sobre o CERN.
Segundo ela, a programação da escola foi tão intensa que ela ainda está “sedimentando” os conteúdos que lhe foram apresentados, trocando informações constantemente com os professores com os quais viajou e estudando muito.
Na parte da manhã, eles frequentavam palestras, à tarde participavam de visitas técnicas aos laboratórios do CERN, sempre relacionado à área de Física de Partículas, e na parte da noite formavam grupos de discussão, prolongando as atividades até às 22, e às vezes até mais tarde. Além disso, Gláucia conta que, no penúltimo dia de atividades, foram realizados experimentos nos laboratórios, a partir dos quais ela planeja produzir um artigo em colaboração com um colega de trabalho.
O foco das atividades oferecidas pelo CERN era, segundo os objetivos do programa de Educação, o “treinamento dos cientistas de amanhã”, e a parte que cabe aos professores participantes deste programa é multiplicar os conhecimentos adquiridos de forma a motivar os jovens estudantes a produzir ciência, “ou pelo menos entender melhor a ciência”, acrescenta Glaucia.
Os professores que participam da escola são considerados “embaixadores do CERN”, ou seja, têm a responsabilidade de multiplicar os conteúdos propostos incentivando jovens a ingressar no mundo das ciências.
Neste sentido, Gláucia tem muitos planos e um extenso programa de atividades. “Estou propagando o conteúdo junto à minha escola e com os professores, e fiquei impressionada com a atenção que isso atrai. Fiz um balanço geral, e todos estão pedindo por uma segunda parte”.
Além disso, há planos concretos de fazer a difusão junto à Diretoria Regional de Ensino, incentivando mais professores a participarem do programa. Glaucia está também escrevendo um trabalho para um Congresso e negociando a difusão para os cursos de Licenciatura da USP e da UFSCar.
Ainda, todos os professores que participaram da Escola de Física devem estar à disposição do Ministério de Ciência e Tecnologia e da CAPES para fins de divulgação do programa.
De uma perspectiva geral, a professora disse que voltou se sentindo mais motivada para a vida profissional. “Você vê que, apesar de todas as dificuldades, o que você faz dá frutos. Isso é uma forma de valorização e reconhecimento do seu trabalho”. Ela aproveita para reconhecer o incentivo de seus colegas de trabalho, principalmente do professor Tomaz Catunda, do IFSC, que muito a motivou para se inscrever no programa. “Se não fosse por ele, isso não teria acontecido”, frisa. De qualquer forma, ainda veremos muitas notícias da professora Gláucia.