Com sessões gratuitas aos sábados, às 20 horas, o Cineclube do Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) da USP em São Carlos promoverá neste mês de agosto a seguinte programação:
Dia 03 – O NASCIMENTO DE UMA NAÇÃO
The Birth Of a Nation, EUA, 1915, Romance, P&B, Mudo, 187 minutos
Direção: D. W. Griffith
Elenco: Henry Walthall, Miriam Cooper, Mae Marsh, Lillian Gish, Robert Harron, Ralph Lewis, Wallace Reid, George Siegmann, Charles Stevens, Maxfield Stanley
Um dos mais polêmicos da cinematografia norte-americana, o filme possui duas partes definidas.
A primeira parte apresenta duas famílias dos EUA, que possuem ideais opostos, durante o período Pré-Guerra da Secessão, sendo elas os nortistas Stoneman, que são abolicionistas, e os sulistas Camerons, que são escravistas. A família dos Stoneman é constituída por quatro integrantes: o congressista Austin Stoneman, seus dois filhos e sua filha Elsie. Já a família dos Camerons é formada por duas filhas, Margaret e Flora, e três filhos.
Certo dia, os rapazes da família Stoneman visitam os Camerons em suas propriedades no Sul. O rapaz mais velho, no entanto, acaba se apaixonando por Margaret Cameron, enquanto Ben Cameron admira uma fotografia de Elsie Stoneman. A Guerra da Secessão começa e os garotos devem servir ao exército de suas respectivas regiões. Em meio às mortes e violências, realizadas principalmente por uma milícia de negros liderados por um rapaz branco, Ben Cameron é ferido e encaminhado para um hospital do norte, onde encontra Elsie trabalhando como enfermeira. Por estar na região inimiga, Ben descobre que, quando se recuperar, será enforcado. A senhora Cameron, convence Abraham Lincoln a interceder por seu filho, no entanto Abraham é assassinado por um partidário da Confederação. Austin Stoneman e outros congressistas radicais nortistas decidem, então, punir o Sul pela Secessão e fazem com que eles arquem com os prejuízos causados pela guerra.
A segunda parte do filme é marcada pela reconstrução da nação pós-guerra, que é intermediada por uma organização formada por Ben Cameron, a Ku Klux Klan, para reverter a situação de perda de poder dos brancos sulistas devido à emancipação dos negros.
Primeira grande produção cinematográfica, o filme foi baseado na obra literária "The Clansman", de Thomas Dixon. É polêmico até hoje por seu conteúdo racista, que coloca a organização segregacionista Ku Klux Klan como responsável pela restauração da política e do estilo de vida do sul, após a derrota na guerra. Griffith, utilizando todas as técnicas e recursos possíveis da época e que serviu de base para a criação da indústria cinematográfica de Hollywood, por sua audácia e qualidade o filme garantiu ao diretor o titulo de "pai do cinema".
Letícia Camargo Tavares
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 12 ANOS
Tema: Período pré e pós Guerra da Secessão
Contém: Violência
Dia 10 – INTOLERÂNCIA
Intolerance, EUA, 1916, Romance, P&B, Mudo, 178 minutos
Direção: D. W. Griffith
Elenco: Eugene Paulette, Seena Owen, Robert Harron, Constance Talmadge, Mae Marsh, Bessie Love, Lillian Gish
O filme narra paralelamente histórias ocorridas em épocas diferentes, registrando a opressão através dos tempos. A Queda da Babilônia, A Crucificação, O Massacre da Noite de São Bartolomeu, na França, e as lutas modernas entre o capital e o trabalho, são os temas focalizados, sendo que as histórias são interligadas pela dramatização de um poema de Walt Whitman, um poeta, ensaísta e jornalista norte-americano, considerado como o “pai do verso livre”.
Na Babilônia, uma moça se vê entre a rivalidade religiosa que leva uma cidade às ruínas. Tendo um amor platônico pelo rei Belsazar, um homem casado, coincidentemente, quando a moça é vendida, por ter sido acusada pelo irmão de ser uma psicopata, quem a salva é o próprio rei. O seu amor é então mais alimentado. Porém o maior inimigo do rei, Ciro, um persa, invade a Babilônia e destrói a civilização, matando Belsazar.
Em Judeia, os hipócritas fariseus, que odeiam Jesus Cristo pela sua humildade, condenam-o à cruz. Eles mentem que ele é filho de Satanás, o difamam injustamente e até mesmo condenam à morte uma mulher que cometeu adultério, porém ela é salva por Jesus que cita “atire a primeira pedra quem nunca pecou”.
Em 1571, em Paris, nos tempos de Catarina de Médici, o rei se convence que os protestantes estavam invadindo a França e autoriza o massacre de São Bartolomeu, no dia 24 de agosto, e todos os protestantes franceses são mortos.
Por último, na América moderna, reformistas sociais destroem a vida de uma mulher e do seu amado.
Em todos eles há apelos universais que deram ao filme um grande sucesso, particularmente por causa dos enormes cenários, os maiores até hoje construídos em Hollywood. Considerado um dos maiores clássicos do cinema mudo, foram usados mais de cinco mil figurantes nas cenas da batalha da Babilônia. Carrega uma enorme presença cultural, estética e histórica e possui uma estética expressionista.
Letícia Camargo Tavares
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 12 ANOS
Tema: Opressão
Contém: Violência leve
Dia 17 – NÃO HAVERÁ SESSÃO
Dia 24 – O CANTOR DE JAZZ
The Jazz Singer, EUA, 1927, Drama/Musical, P&B, 92 minutos
Direção: Alan Crosland
Elenco: Al Jolson, May McAvoy, Warner Oland, Eugénie Besserer, William Demarest, Otto Lederer
Jakie Rabinowitz faz parte de uma tradicional família judia. O pai é um cantor litúrgico da sinagoga e tem grande vontade de que o filho siga os seus passos e das cinco gerações anteriores. Jakie, no entanto, quer explorar a sua voz e dom no meio artístico. Seu sonho é se tornar um grande cantor de jazz.
O filme se inicia com o jovem Jakie cantando músicas populares em uma casa de diversões norte-americana. Quando o pai descobre que seu filho está naquele local, vai até lá e o leva para casa pelas orelhas. O menino é então punido pelo pai, levando uma grande surra. Após o castigo, ele foge de casa e promete que nunca mais retornará. A mãe, única que entende o filho e o protege, fica extremamente triste com a sua partida.
Passados muitos anos, Jakie se torna um cantor de jazz de sucesso, sendo convidado para cantar na Broadway em uma peça de teatro. Após muitos anos fora de casa, ele resolve ir visitar seus pais. Sua mãe o recebe de braços abertos, porém seu pai continua resistente quanto à ideia do filho ser um artista, e propõe novamente que ele cante na sinagoga. Porém Jakie rejeita e é expulso mais uma vez de casa.
O cantor de jazz está em sua noite de estreia na Broadway, quando sua mãe vai até seu camarim e lhe conta que seu pai ficou muito doente desde o dia último dia em que ele os visitou. Ela pede encarecidamente que o filho desista do show. Jakie enfrenta então uma dura dualidade entre continuar com seu sonho e carreira ou seguir a cultura familiar.
“O Cantor de Jazz”, o primeiro filme falado da história do cinema, revolucionou a indústria cinematográfica.
Letícia Camargo Tavares
LIVRE PARA TODOS OS PÚBLICOS
Tema: Conflitos familiares
Dia 31 – O ARTISTA
The Artist, França/Bélgica, 2011, Comédia/Romance, P&B, 100 minutos
Direção: Michel Hazanavicius
Elenco: John Goodman, Penelope Ann Miller, James Cromwell, Jean Dujardin, Bérénice Bejo
George Valentin é uma das maiores estrelas do cinema mudo da década de 1920, que participa de diversos filmes tendo o seu cãozinho sempre ao lado. Retratando a transição do cinema mudo para o cinema falado, o filme se inicia num pesadelo de George sendo torturado por alguns homens que estão o intimidando a falar e este está seguramente se recusando.
Peppy Miller é uma linda jovem, dançarina e aspirante a atriz que é grande fã de George e o conhece ainda no auge de sua carreira. Aos poucos, com a ajuda dele, a jovem vai se destacando na carreira, passando de coadjuvante para a atriz principal. Com a chegada do cinema falado, a jovem se sobressai ainda mais, tornando-se uma das grandes estrelas de Hollywood, enquanto George é descartado pelos produtores, por representar o velho e o ultrapassado. Por ser muito conservacionista e orgulhoso, em relação à maneira como era a indústria cinematográfica, ele continua a investir na produção de filmes não falados e assim vê seu nome caindo no esquecimento. É quando entra em uma profunda crise psicológica.
O diretor Michel Hazanavicius realizou intensas pesquisas sobre o cinema da década de 1920, a fim de encontrar as técnicas certas para fazer a história compreensível, evitando o uso extensivo de legendas. O roteiro levou quatro meses para ficar pronto. “O Artista” foi aclamado pela crítica mundial e venceu diversos prêmios reconhecidos, tais como o Globo de Ouro, em três categorias e o Oscar em cinco categorias.
Letícia Camargo Tavares
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 12 ANOS
Tema: Indústria cinematográfica
Contém: Violência, drogas lícitas
Apoio cultural da Locadora Vídeo 21.
O CDCC fica na Rua nove de julho, 1227, Centro.
Mais informações:
Tel.: (16) 3373-9772