O Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) da USP em São Carlos promoverá a seguinte programação em seu Cineclube, no mês de setembro, com sessões aos sábados, às 20 horas, e entrada franca:
4 - MUTUM
Brasil, 2007, Drama, 90 minutos
Direção: Sandra Kogut
Elenco: João Miguel, Thiago da Silva Mariz, Izadora Fernandes, Rômulo Braga
Mutum quer dizer mudo. Mutum é uma ave negra que só canta à noite. E Mutum é também o nome de um lugar isolado no sertão de Minas Gerais, onde vivem Thiago e sua família. Thiago tem dez anos e é um menino diferente dos outros. É através do seu olhar que enxergamos o mundo nebuloso dos adultos, com suas traições, violências e silêncios. Ao lado de Felipe, seu irmão e único amigo, Thiago será confrontado com este mundo, descobrindo-o ao mesmo tempo em que terá de aprender a deixá-lo.
MUTUM foi filmado nas chapadas de Minas Gerais, em pleno sertão mineiro, numa região com poucas estradas e muitos lugares ainda sem energia elétrica. Mas o isolamento da família de Thiago é mais econômico que geográfico. O sertão que se apresenta no filme não é meramente uma região geográfica: é também o interior, o passado, a infância que povoa o imaginário brasileiro.
MUTUM se inspira na história de Miguilim, da novela “Campo Geral” (Manuelzão e Miguilim), de João Guimarães Rosa (1908 – 1967), considerado o maior escritor brasileiro do século XX, autor de obras-primas como Sagarana e Grande Sertão: Veredas. Inventor de palavras e de uma sintaxe estranha, seu estilo é frequentemente comparado ao de James Joyce. Grande conhecedor do sertão, Guimarães Rosa se inspira na tradição oral e na língua concreta do sertanejo, onde predominam imagens da natureza. Mas a linguagem particular falada por seus personagens é uma mistura de expressões regionais com aportes de várias outras línguas, formando uma língua imaginária. Com seu poder criativo e imaginação deslumbrante, provocou uma verdadeira revolução na literatura brasileira, inovando na linguagem, nas tramas e na visão de mundo de seus personagens, transformando o sertão num modelo do universo. O sertão de Guimarães Rosa é o mundo...
Guimarães Rosa era membro da Academia Brasileira de Letras e ganhou os mais importantes prêmios literários do país. De alcance universal, sua obra foi traduzida na França, Itália, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Espanha, Polônia, Holanda e Tchecoslováquia, dentre outros países.
De contornos autobiográficos, a história de Miguilim era a sua preferida: “Em Miguilim, acho tudo o que já escrevi até agora e talvez mesmo tudo o que venha a escrever em minha vida. Nessa história, está o germe, é a semente de tudo”, declarou Guimarães Rosa.
Fonte: site oficial
LIVRE PARA TODOS OS PÚBLICOS
Tema: Infância
11 - A CASA DE ALICE
Brasil, 2007, Drama, 92 minutos
Direção: Chico Teixeira
Elenco: Carla Ribas, Berta Zemel, Vinicius Zinn, Ricardo Villaça
Alice tem cerca de quarenta anos e mora num bairro de periferia de São Paulo. Ela divide a casa com sua mãe, Dona Jacira, seu marido, o taxista Lindomar, e seus três filhos, Lucas, Edinho e Júnior. Alice trabalha como manicure num salão de beleza.
Em casa, dona Jacira que se encarrega de todas as tarefas. Ela lava, passa, arruma e cozinha, enquanto escuta seu programa de rádio favorito. O apresentador do programa, Carlinhos Abranches, ameniza a solidão de Dona Jacira que gradualmente vai perdendo sua visão.
Lucas é um rapaz conservador que inicia uma carreira no exército e mal vê a hora de se tornar tenente para reproduzir o comportamento autoritário de seus superiores. De vez enquando, ele ganha um trocado de homens mais velhos com os quais ele passa algumas horas. Edinho é o neto mais afetuoso de Dona Jacira, mas nem ela escapa quando ele precisa de um dinheirinho para um tênis novo ou um walkman. O filho caçula, Júnior, é o mais frágil e apegado a mãe e tem o irmão mais velho como um modelo. Como todo adolescente, anda atormentado por questões afetivas e sexuais.
Depois de vinte anos de casamento, nem Lindomar nem Alice esperam grandes emoções a dois. O taxista reserva seus impulsos sexuais aos casos extraconjugais que mantém, de preferência, com meninas que acabaram de sair da puberdade.
Alice, por sua vez, também dá suas escapadas e faz vista grossa aos romances do marido.
Eis que surge Nilson, um antigo namorado da adolescência. Alice enxerga nele a possibilidade de realizar seus sonhos românticos, mudando o rumo de sua vida afetiva e financeira. Mais uma vez, Alice se ilude e vai continuar a ver navios.
Fonte: site oficial
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 14 ANOS
Tema: Relações familiares
Contém: Agressão física e verbal, nudez, linguagem erótica
18 - À DERIVA
Brasil, 2009, Drama, 103 minutos
Direção: Heitor Dhalia
Elenco: Vincent Cassel, Taís Araújo, Cauã Reymond, Deborah Bloch
Búzios, Rio de Janeiro, início dos anos 1980. Filipa, uma adolescente de 14 anos, passa as férias de verão com a família de classe média alta: o pai, Mathias, um famoso escritor francês radicado no Brasil; a mãe, Clarice, professora; e os dois irmãos mais novos, Fernanda e Antônio.
Nas rodas com os amigos, a mãe, Clarice, destila um certo sarcasmo contra Mathias e está sempre embriagada. Preocupado com seu novo livro, Mathias mostra-se desatento aos reais problemas da família.
Em meio às descobertas sobre beijo, sexo e amor com a turma, Filipa envolve-se com um dos meninos da roda, Artur. Mas sua alegria é abalada por uma descoberta dolorosa: um dia, ela vê seu pai beijando Angela, uma bela e misteriosa americana que mora no local.
A relação de Mathias e Clarice piora dia a dia. Ela decide voltar a São Paulo por alguns dias, provocando a fúria dele. Filipa aconselha a mãe a não partir, mas não tem coragem de contar a verdade.
De volta a Búzios, Clarice chora pelos cantos, desabafando com as amigas e bebendo cada vez mais. Depois de mais uma briga, Mathias e Clarice decidem se separar e comunicam os filhos.
No dia seguinte, Filipa e o irmão encontram Clarice desmaiada na cozinha. Ao ver a piora do estado da mãe, Filipa procura o pai para contar tudo o que sabe sobre seu outro relacionamento, mas ele diz que seu adultério não é o principal motivo da separação.
Clarice então toma coragem, faz as malas e decide partir, deixando os filhos com Mathias, que agora terá que ser mais responsável como pai. Depois de uma noite importante na vida de Filipa, ela volta para casa e encontra Mathias à sua espera. Pai e filha têm então uma nova chance de se entender e se amar.
Fonte: site oficial
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 16 ANOS
Tema: Cotidiano familiar
Contém: Consumo de drogas lícitas e linguagem de conteúdo sexual
25 - A FESTA DA MENINA MORTA
Brasil, 2008, Drama, 115 minutos
Direção: Matheus Nachtergaele
Elenco: Daniel de Oliveira, Dira Paes, Cássia Kiss, Jackson Antunes, Juliano Cazarré
O filme conta a história de celebração da fé, que o povo da pequena cidade ribeirinha do interior do Amazonas, tem no líder religioso Santinho (Daniel de Oliveira); tal crença foi proveniente de certa menina desaparecida havia vinte anos, cuja roupa foi encontrada e trazida até Santinho por um cachorro. Tal relação da menina com Santinho estabeleceu a fama de milagreiro capaz de curar e fazer previsões para o próximo ano. Às vezes, é questionável a irracionalidade da fé empregada a tal acontecimento. O irmão da menina, Tadeu (Juliano Cazarré), faz menção a dúvidas de tal cunho.
Matheus Nachtergaele estreia bem em seu longa; observa-se riqueza no roteiro: traços da personalidade são discutidos e analisados o tempo todo da projeção, pois o passado dos personagens é trazido, pelos diálogos, aos poucos e totalmente fora de ordem, isto é, deixando por conta do público juntar todos os elementos e sintetizar a história de cada personagem.
A idéia para A Festa da Menina Morta veio quando Nachtergaele filmava O auto da Compadecida em Cabaceiras, interior da Paraíba, e o ator presenciou uma cerimônia religiosa na casa de uma família, que oferecia seu terreno para a celebração do milagre de sua filha, que havia desaparecido, mas enviado seu vestido após muitas preces.
É perceptível a influência que Cláudio Assis (Amarelo Manga e Baixio das Bestas) exerceu sobre Nachtergaele: homens agem e reagem como animais. O aspecto animalesco e bestial é notado também vendo jacaré com a barriga aberta na beira do rio, gritos de um porco sendo morto e depois tem a cabeça afogada junto a um cardume, tartarugas sobre tartarugas, galinha dependurada com o pescoço cortado. Enfim, não faltam animais no mundo dos homens.
Fabrício Borges Moreira
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 18 ANOS
Tema: Peregrinação
Contém: Consumo de drogas lícitas, incesto, relação sexual
Apoio Cultural VIDEO 21
O CDCC fica na Rua Nove de Julho, 1227, Centro.
Mais informações:
Tel.: (16) 3373-9772
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