Uma empregada doméstica que more no emprego, tenha boa apresentação, experiência em várias casas, recomendações e saiba fazer faxina, lavar roupa, passar, cozinhar, cuidar de crianças e atender bem o telefone. Segundo as agências de recrutamento, o excesso de exigências dos patrões faz sobrar vagas nesse setor para pessoas qualificadas.
O Ministério do Trabalho considera como empregado doméstico quem presta serviço de natureza não-lucrativa a pessoas físicas, como cozinheiro, governanta, babá, lavadeira, faxineiro, vigia, motorista particular, jardineiro e caseiro - veja abaixo o direito dos domésticos.
Entre os trabalhadores mais requisitados do setor está a empregada "faz tudo", que cuida da limpeza, da comida, da roupa e dos filhos da patroa. Conforme as agências, o perfil mais procurado é o de mulher entre 25 e 40 anos que saiba, pelo menos, ler e escrever para anotar recados. Quem tem cursos, como primeiros socorros, por exemplo, leva vantagem e consegue melhores salários.
Responsáveis pelo recrutamento desses profissionais afirmaram que faltam profissionais principalmente que queiram dormir no emprego. Quem aceita essa exigência, pode conseguir bons salários mesmo com baixa escolaridade.
A agência Domésticas.com, de São Paulo, especializada na contratação de empregados domésticos, diz que na capital paulista os trabalhadores de modo geral costumam rejeitar salários abaixo de R$ 700 para a maioria das vagas. Isso porque como diarista, por exemplo, é possível ganhar R$ 80 por dia.
A proprietária da agência, Zilene Gomes Santos Segura, destaca que uma vaga para pessoa que aceite dormir no emprego pode ter salário de R$ 1,5 mil.
"A cada dez vagas para dormir no emprego, fecho uma. Mesmo com salário de R$ 1 mil, R$ 1,2 mil, com registro, tudo certinho. A maioria (das domésticas) prefere ficar em casa por causa da família. (...) Para uma empregada que cozinhe bem, tenha currículo bom, trabalhado em casas mais nobres, tem vaga com salário de R$ 1,5 mil", conta Zilene.
E não é somente em São Paulo que há vagas sobrando para quem se dispõe a dormir no emprego e tenha qualificação, de acordo com agências do Sistema Nacional de Emprego (Sine) em todo o país consultadas pelo G1.
Em Macapá, segundo o gerente de captação de vagas, Antonio Pissuto, há vagas em aberto para o setor doméstico difíceis de preencher. "Temos mais de 70 vagas. Não sei onde elas (as domésticas) estão escondidas, mas a gente não consegue encontrar. Temos vagas há mais de 15 dias em aberto. Dormir no emprego é a maior dificuldade." Ele afirmou que no estado os salários são, em média, de R$ 600.
A presidente do Sindicato das Empregadas e Trabalhadores Domésticos da Grande São Paulo, Camila Ferrari, confirma a tese dos recrutadores. "Os maiores salários são para dormir no emprego. Mas tem muita exigência, não pode ser nem muito nova nem ter mais idade. Exigem cursos. Às vezes tem empregada boa, com boas referências, mas os patrões não aceitam nem fazer teste se ela não tem os requisitos exigidos."
Carta de referência
Uma das exigências unânimes no setor de serviço doméstico é a carta de referência. "Todos pedem carta de referência. A patroa quer ter segurança de quem está contratando. Aqui nós confirmamos o teor das cartas e verificamos os antecedentes criminais", conta Zileide, da Domésticas.com.
A coordenadora do Sine-Acre, Jorgiane Ferreira de Moura, conta que sempre há vagas para domésticos no estado. Segundo ela, com a nova lei que proíbe exigir experiência profissional acima de seis meses, os empregadores passaram a considerar as cartas de referência ainda mais importante. "O empregador está se respaldando muito em cartas."
Jorgiane destaca ainda que é preciso cuidado com as cartas fraudadas. "Temos uma psicóloga fazendo triagem e verificação das informações para evitar transtornos aos patrões."
Onde há vagas
No último dia 10, os Sines, que atuam como agência de intermediação de emprego, tinham mais de mil vagas de emprego doméstico em todas as capitais - veja lista.
Para se candidatar a uma vaga, é preciso estar cadastrado no sistema. Clique aqui para encontrar o Sine mais próximo de sua residência.
Direitos
Os empregados domésticos têm direitos diferenciados dos demais empregados com carteira assinada. Veja lista abaixo.
Segundo informações do Ministério do Trabalho, os juízes e tribunais brasileiros têm entendimentos variados sobre se diaristas devem ser consideradas empregados domésticos.
"Os juízes e tribunais brasileiros – embora apresentem entendimentos variados sobre a possibilidade de reconhecimento do vínculo da diarista que trabalha alguns dias por semana – têm se inclinado no sentido de não admitir o vínculo empregatício", diz o ministério.
DIREITOS DO EMPREGADO DOMÉSTICO
- Ter a Carteira de Trabalho e Previdência Social anotada desde o primeiro dia de trabalho
- Receber salário-mínimo
- Folgar em feriados civis e religiosos - se trabalhar, recebe o dia em dobro ou uma folga compensatória na semana
- Não ter o salário reduzido pelo mesmo empregador
- Receber 13º salário
- Ter repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos
- Tirar férias de 30 dias e receber mais 1/3 do salário a partir de 12 meses de trabalho
- Estabilidade de cinco meses após o parto no caso de gravidez
- Licença-maternidade de 120 dias paga pela Previdência Social com qualquer tempo de serviço ou licença-paternidade de cinco dias corridos a partir da data do nascimento do filho
- Recolhimento do INSS
- Aviso prévio no caso de rescisão
- Seguro-desemprego de três meses, no valor de um salário mínimo, para quem trabalhou por 15 meses nos últimos dois anos
- Recolhimento do FGTS é opção do empregador, mas se recolher, deve pagar 40% sobre o FGTS na rescisão