Dos 150 pacientes com câncer que fazem radioterapia no Hospital das Clínicas, cerca de 120 estão sendo encaminhados para hospitais de São Carlos e Franca.
A causa dos deslocamentos é a reforma nas duas salas onde o tratamento é realizado. As obras devem terminar em um mês. Mas a medida já causa polêmica entre os especialistas.
De acordo com Harley Francisco de Oliveira, radioncologista do HC, a reforma nas salas era necessária, já que os aparelhos eram de 1975, ano de fundação do hospital.
“No ano passado, o governo do Estado nos concedeu uma verba e aproveitamos para trocar os aparelhos de radioterapia. Para isso, também precisamos reformar as salas, já que a radiação é muito forte e as paredes foram reforçadas”.
Oliveira afirma que 60% dos pacientes que têm câncer precisam do tratamento com radioterapia. Para não deixar de atender todos os pacientes, o HC fez um convênio com a Beneficência Portuguesa e com os hospitais de Franca e São Carlos.
“Nenhum dos nossos pacientes está sem fazer o tratamento. Não importa se está fazendo aqui ou em outra cidade e sim que está se tratando e se curando”.
Já o oncologista Aurélio Julião, do conselho curador da Fundação Sobecan, acredita que os novos aparelhos podem ajudar, mas não vão conseguir atender todos os pacientes que o HC se dispõe a tratar.
“Há uma demanda muito grande de pacientes que são encaminhados para o HC, enquanto poderiam ser levados para a Santa Casa, à Beneficência ou à Fundação. Agora esses pacientes ainda são encaminhados para cidades a mais de 100 quilômetros de distância. Não se faz isso com uma pessoa que está com câncer, debilitada e sofrendo”.
Segundo Julião, a Fundação já se dispôs a acolher alguns pacientes do HC, já que em alguns casos o atendimento demora cerca de cinco meses para ser feito.
“Câncer é urgência. É necessário que o HC reconheça que não pode atender todos esse pacientes e passe a encaminhar para os outros hospitais e para a Fundação”.
De acordo com o radioncologista do HC, a Sobecan e a Santa Casa não têm radioterapia e a Beneficência não está apta a atender casos de câncer de alta complexidade, por isso a demanda no HC é tão grande.
“Além disso, a população está envelhecendo e a maioria dos serviços de saúde não está preparada para o tratamento oncológico”.