Sem o procedimento, produtividade dos cortadores é reduzida
A proibição das queimadas da cana-de-açúcar em dez municípios da região Central pode prejudicar fornecedores, trabalhadores e usinas de álcool e açúcar.
Sem o uso do fogo para eliminar a palha, o trabalho é mais difícil e demorado. A produtividade dos cortadores cai e os produtores têm prejuízo.
A safra começa no dia 30 de março. A cana já está no ponto de corte, mas a proibição surpreendeu os fornecedores. Ao todo, 40% da colheita é feita manualmente. “O fornecedor não tem como cortar a cana sem a queima. Não tem máquina suficiente para cortar toda a cana no momento”, afirma o presidente da Associação dos Fornecedores, Luiz Eugênio Ferro Arnone.
Arnone ainda diz que, mesmo se quisessem, os produtores não poderiam mecanizar a colheita de uma hora para outra. A decisão judicial derruba um acordo entre as usinas e o governo paulista que prevê o fim das queimadas em 2017. “Isso é um prejuízo enorme se continuar”, conclui.
Nos dez municípios da região Central, onde houve a proibição, estão instaladas seis usinas. A moagem da cana não começou em nenhuma delas. O porta-voz de um grupo de empresas de Araraquara, João Pinto, diz que o setor vai tentar reverter a situação, mas se isso não acontecer, o prejuízo é certo. “Isso representa um corte em 40% da safra, prejudicando 4 mil trabalhadores e a produção”, destaca.
A sentença do juiz José Maurício Lourenço atende uma solicitação do Ministério Público Federal que considera que as queimas trazem danos à saúde da população e ao meio ambiente. Os réus são o governo do Estado de São Paulo, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), mas na prática o efeito da decisão recai sobre as usinas de álcool e açúcar.
Quem libera a queima da palha da cana no Estado é a Cetesb. O gerente regional em Araraquara diz que ainda não foi comunicado da sentença, mas a agência está pronta para fazer a fiscalização. “A Cetesb vai cumprir na integra a decisão judicial. Não pode haver queima”, afirma.
As cidades da região Central proibidas são Américo Brasiliense, Araraquara, Boa Esperança do Sul, Gavião Peixoto, Matão, Motuca, Nova Europa, Rincão, Santa Lúcia e Trabiju.
Fonte: EPTV