A UFSCar recebeu no início de setembro a visita de uma equipe do Serviço de Apoio ao Estudante da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), para reunião voltada ao compartilhamento de experiências sobre permanência estudantil, com foco na permanência de estudantes indígenas, e ao estreitamento do diálogo entre as instituições. Da UFSCar, participaram representantes da Secretaria Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade (SAADE) e do Departamento de Assistência ao Estudante (DeAE) da Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis (ProACE), juntamente com o Centro de Culturas Indígenas (CCI).

Durante o encontro, a equipe da UFSCar apresentou o histórico de implementação de políticas de ações afirmativas na Instituição, que completou 11 anos em 2018, com destaque ao vestibular indígena, cujas provas são realizadas ininterruptamente desde 2008. O interesse específico deve-se à recém-aprovada política de ingresso de estudantes indígenas na Unicamp, que entrará em vigor no próximo ano. Assim, além do ingresso diferenciado, foram abordadas também as ações de acolhimento de estudantes indígenas na sua chegada à Universidade e o acompanhamento pedagógico desses estudantes, com destaque ao papel da Coordenadoria de Acompanhamento Acadêmico e Pedagógico para Estudantes (CAAPE) e dos departamentos de Ensino de Graduação (DeEG) dos campi Araras, Lagoa do Sino e Sorocaba, unidades vinculadas à Pró-Reitoria de Graduação (ProGrad). Tratou-se particularmente da atuação das pedagogas dessas unidades no processo de aproximação entre estudantes e vida universitária e de estabelecimento de vínculos (referenciamento), processos fundamentais para a permanência do ponto de vista pedagógico. Também com foco na permanência pedagógica, foram abordadas as tutorias desenvolvidas junto a estudantes indígenas e as atividades de acompanhamento individual e coletivo.

A atuação do CCI, estruturado em 2012, recebeu atenção dos participantes, uma vez que o Centro propiciou o fortalecimento do coletivo indígena e sua participação na condução das políticas de ações afirmativas dentro da UFSCar, tanto por ser um órgão assessor da SAADE, quanto por se fazer representar nos conselhos superiores da Universidade, por meio da eleição de seus integrantes. O protagonismo do CCI pode ser visto também fora da UFSCar, na articulação de estudantes indígenas nas demais universidades brasileiras, como no Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas (ENEI), realizado anualmente desde 2013, e que foi proposto e organizado inicialmente pelo CCI; na implementação das edições anuais da SBPC Indígena, vinculadas às reuniões anuais da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), demanda apresentada pelo CCI em 2015, quando a Reunião aconteceu na UFSCar; e, mais recentemente, na participação dos estudantes indígenas da UFSCar nos debates realizados na Unicamp no processo de aprovação da reserva de vagas.

Na reunião, o Programa de Assistência Estudantil da UFSCar também foi abordado - suas bolsas e outras modalidades de auxílio, bem como os processos de análise socioeconômica -, juntamente com o Programa de Bolsa Permanência, do Governo Federal. A experiência da Universidade na gestão das ações afirmativas e, especialmente, a criação da SAADE, foram apresentadas como indicador da importância de um setor administrativo que cuide dessa gestão, articulando os demais setores administrativos e acadêmicos da Instituição e estabelecendo diálogo com diferentes coletivos e grupos estudantis. "Esse é um trabalho que também tem relevância na ampliação do conceito de permanência estudantil, permitindo a concepção e o planejamento de ações que se vinculam ao campo da permanência simbólica e à gestão participativa", afirmou o dirigente da SAADE, Djalma Ribeiro Júnior. O encontro foi finalizado com visita ao CCI, em companhia de liderança indígena da Universidade.