SINDSPAM 2 de Maio de 2014
O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos e Autárquicos Municipais de São Carlos (SINDSPAM), Adail Alves de Toledo, reuniu a imprensa na tarde desta sexta-feira (02), para se pronunciar a respeito da greve da categoria e rebater alguns questionamentos que foram feitos pelo prefeito municipal, Paulo Altomani, durante entrevista no Paço Municipal na última quarta-feira.
Acompanhado de Roberto Menezes e do advogado Luis Donizetti Luppi, ambos contratados pelo sindicato, Adail leu uma carta e depois respondeu a várias pergunta dos repórteres presentes. O presidente começou falando do início da negociação salarial, das reuniões com os membros da Administração, das assembleias já realizadas, das propostas oferecidas, das acusações de que a greve é política e sobre a participação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), tão comentada pela equipe do prefeito.
A coletiva se fez necessária devido a alguns fatos que estão sendo lançados para a opinião pública de forma distorcida pela Prefeitura, seja em entrevistas ou em campanhas publicitárias nas rádios, jornais e TVs.
Adail esclareceu a negociação salarial com a Prefeitura foi iniciada em Fevereiro quando foi entregue pauta de negociação, porém em Setembro do ano passado o sindicato já havia enviado um ofício com propostas para que fosse dado um reajuste digno para a categoria neste ano.
"Após o índice IPCA ser fechado, o sindicato que desde o ano passado vem analisando as contas da Administração, encaminhou proposta para a Prefeitura Municipal de reajuste salarial de 10 %, (5,68 % do IPCA e 4,32% de aumento real) e reajuste do IPCA no tíquete e não 66% conforme dito pelo senhor prefeito na última quarta-feira.
Realizamos algumas reuniões com a secretária Helena Antunes e não chegamos a um acordo, realizamos a nossa primeira assembleia com a categoria para tratar do reajuste salarial no dia 19 de março, um pouco antes do início desta assembleia, recebemos a primeira proposta oficial da Prefeitura oferecendo apenas o IPCA de aumento no salário e no tíquete refeição", disse Adail.
No dia 10 de abril ocorreu uma reunião com a presença da maioria dos vereadores e o alto escalão do Governo, depois de muito debate eles pediram um tempo para estudar os números apresentados pelo sindicato que sempre esteve acompanhado de uma comissão de servidores e uma nova reunião foi marcada a qual ocorreu no dia 16 de abril onde eles mantiveram os 5,84% e propôs elevar o tíquete de R$ 120,00 para R$ 170,00.
Essa segunda proposta oficial foi levada em assembleia no mesmo dia 10 de abril e a mesma acabou sendo rejeitada e os servidores decidiram pela greve. "Comunicamos a Gerência do Trabalho da decisão soberana da assembleia, e de imediato o gerente regional do trabalho, Antônio Valério Morillas Júnior, marcou uma audiência de conciliação com a presença nossa e dos representantes da Prefeitura", comentou Adail.
A greve foi oficialmente deflagrada no dia 22 de abril e no dia seguinte aconteceu à primeira reunião de conciliação na Gerencia Regional do Trabalho. "A imprensa acompanhou o encontro e constatou a total falta de informação dos três representantes do governo, eles bateram cabeça na nossa frente, na dos representantes do Estado, dos servidores e da imprensa. Mesmo assim eles propuseram de forma verbal um aumento de 6,5 % por cento no salário e no tíquete, já o gerente regional do trabalho sugeriu 8,5%. Ressalto aqui que essa proposta de 6,5 % não foi oficial, foi sugerido pelo representante do Governo e por isso esta reunião ficou aberta para o dia seguinte", explicou o presidente.
Na segunda reunião na Gerência do Trabalho ficou clara a falta de respeito da Administração com os servidores e com os representantes do Estado. "Os três representantes da Prefeitura deveriam ter chegado na audiência às 14hs, porém só compareceram próximo das 16hs, foi necessário a intervenção do senhor gerente regional do trabalho que ligou para a Prefeitura, intimando a presença deles, caso contrário constaria no termo da audiência a falta dos mesmos", falou Adail que completou dizendo que depois dessa segunda reunião foi apresentada uma nova proposta de 7% de aumento no salário e 7% no tíquete. A equipe técnica do sindicato de imediato detectou que essa proposta não era interessante para a categoria, principalmente para os servidores que recebem os salários mais baixos.
Adail entregou para a imprensa duas tabelas, uma fazendo considerações sobre a planilha de "projeção de despesas com pessoal" elaborada pela prefeitura e apresentada ao Sindspam em 25/04/2014 e a outra comparando as duas propostas feitas pela prefeitura até aquele momento.
Mesmo assim a proposta dos 7% foi levada para a assembleia realizada na última sexta-feira. "Essa assembleia foi histórica na vida do Sindspam, pois pela primeira vez vimos no meio dos trabalhadores, pessoas que são cargos de confiança e até secretários municipais que foram até a sede do sindicato dos trabalhadores numa tentativa de forma rasteira, fazer com que a proposta dos 7% fosse aprovada".
Centenas de servidores compareceram nesta assembleia e rejeitaram a proposta e por isso a categoria decidiu por permanecer em greve por tempo indeterminado. "O prefeito disse na quarta-feira que nesta assembléia tinha só 5% de servidores e que o restante do pessoal eram pessoas de empresas metalúrgicas da cidade, como Tecunseh, Eletrolux e Volks. Para desmenti-lo coloquei a disposição da imprensa a lista de presença que foi assinada pelos servidores naquela noite", continuou Adail que explicou que havia sim algumas pessoas ligadas ao sindicato dos metalúrgicos, porém essas pessoas, também são ligadas a sub-sede da CUT sediada aqui em São Carlos, pessoas que vem dando todo o suporte operacional a greve como a condução dos carros de som por exemplo.
Adail aproveitou a presença da imprensa e criticou uma matéria que foi publicada em um jornal local no dia da assembleia da última sexta-feira. "Queremos nesse momento também, fazer um repúdio a alguns órgãos de imprensa que tentam confundir a população com matérias mentirosas, como uma que foi divulgada em um jornal da cidade na última sexta-feira. Nesta matéria eles (Prefeitura) publicaram uma tabela comparando duas propostas, uma de reajustar os salários em 8,5 % e a outra de reajustar os salários em 5 % e incorporar o tíquete de R$ 122,00 nos salários dos servidores. Essas duas propostas não foram colocadas no papel a não ser no jornal, isto é, elas não foram oficializadas ao sindicato, por isso não foram levadas para a assembleia".
Outros questionamentos feitos pelo prefeito na quarta-feira foram rebatidos pelo presidente do Sindspam. Uma delas foi a de citar de que a greve dos servidores é política e que existem alguns alienígenas no movimento.
"Primeiro a greve passou a ser política sim na última terça-feira, quando os servidores ganharam o apoio dos 21 vereadores da Câmara Municipal e do seu presidente Marquinho Amaral que é do mesmo partido do prefeito. Quem está fazendo política com essa greve é o prefeito, que não consegue ou não quer enxergar a diferença entre CUT, da qual somos filiados desde 2011 com o PT que é um partido que governou a cidade por 12 anos. Quanto à presença de alienígenas ou de pessoas de fora, isso mostra que o prefeito e sua equipe não conhecem as pessoas que trabalham nas repartições públicas municipais desta cidade. Existem sim algumas pessoas ligadas a movimentos sociais que estão solidários com o nosso movimento que é aberto, livre e democrático, diferente das atitudes do senhor prefeito que sempre são tomadas no quinto andar, de portas fechadas, sem diálogo e de forma autoritária", disse Adail.
Outra informação rebatida pelo presidente foi em relação ao tíquete alimentação. "Ele disse que implantou o tíquete alimentação na sua administração. Sim ele implantou porque foi obrigado, já que o tíquete foi uma conquista do servidor no acordo coletivo de 2012 e foi provisionado no orçamento do ano passado. Ainda sobre o tíquete, ele citou que não pode aumentá-lo para R$ 170,00 por causa do limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal. O prefeito sabe e sua equipe também sabe que o valor gasto com o pagamento do tíquete não entra nos caçulos do limite prudencial".
Adail também explicou o aumento que foi dado aos professores no ano passado, esse aumento vem sempre sendo citado pelo prefeito em suas entrevistas e em campanhas no rádio e TV. "Os professores tiveram, em 2013, o reajuste de 7,5%, além da concessão do ticket refeição no valor de R$ 120,00, que serve para alimentação do servidor. No mesmo ano, para que a Prefeitura pudesse se adequar a Lei Federal conhecida como "Lei do Piso", a jornada de trabalho dos docentes foi aumentada em 10%, com a conseqüente adequação salarial. Isso não é aumento: o professor trabalha durante o horário pedagógico, corrigindo provas, preparando aulas, participando de reuniões e cursos. O prefeito considera tudo isso como aumento de salário: 7,5% do reajuste + 5,5% (que seria aproximadamente o valor do ticket) + 10% do aumento da jornada é igual a 23%."
Adail também falou das pessoas que trabalham ao seu lado no sindicato e citou o caso de Roberto Menezes. "Outra coisa que gostaria de deixar bem claro para vocês da imprensa é sobre a nossa equipe técnica. Há pelo menos cinco anos, iniciamos um trabalho diferente aqui dentro do sindicato, profissionalizamos alguns setores contratando alguns profissionais. Uma delas é o senhor Roberto Menezes que trabalhou na administração passada e que foi citado na coletiva da última quarta. O Roberto de fato fez parte do governo passado, mas isso para nós não interessa, o que nos interessa é o seu conhecimento nas contas públicas é o seu conhecimento em Administração Pública e de Pessoal, por isso ele está aqui. Antes dele tínhamos um contador de Piracicaba e Ribeirão Preto que faziam esse mesmo trabalho e nunca fomos criticados por isso. O que ocorre hoje é que nós sentamos na mesa de negociação com a Prefeitura sabendo até onde podemos avançar, sabendo onde a Administração aplica o nosso dinheiro, talvez isso incomode tanto a Prefeitura Municipal".
Adail ainda falou do envolvimento da CUT no movimento grevista. "A prefeitura insiste em divulgar que a greve é política por causa da participação da CUT no movimento. O Sindspam antes mesmo do senhor prefeito Paulo Altomani ser eleito já estava filiado a CUT. Se a prefeitura não sabe, todo sindicato é ligada a uma Central, uma Federação e Confederação, seja ela da CUT, Nova Central, Força Sindical ou outras existentes no Brasil".
O presidente encerrou falando sobre a acusação de que a greve dos servidores está causando prejuízos à população. Adail lançou um desafio aos profissionais da imprensa, semelhante ao que fez com os vereadores na última terça-feira quando usou a Tribuna Livre da Câmara. "Há quanto tempo os vereadores vêm apagando incêndios ou consertando erros da Prefeitura Municipal? Há quanto tempo vocês da imprensa vem noticiando as mais diversas reclamações dos moradores desta cidade, quanto a falta de médicos, remédios, uniformes, materiais escolares, buracos na rua e falta de água em vários bairros da cidade? Há quanto tempo nossos companheiros servidores vem denunciando na imprensa e nas redes sociais a falta de condições de trabalho em suas repartições e os inúmeros casos de perseguições e assédio moral? Somos nós servidores que estamos causando prejuízos para a população ou seria a teimosia e a maneira autoritária do senhor prefeito Paulo Altomani de lidar com as coisas públicas?
Prefeitura Municipal não é uma empresa privada onde o patrão manda e desmanda do jeito que quer", encerrou. |