Instituição chega ao fundo do poço; estudantes reclamam do MEC e alegam que perderam o semestre; Sindicalista chama faculdade de “pocilga”
De acordo com informações de estudantes da Fadisc (Faculdades Integradas de São Carlos), a instituição vai encerrar as atividades no dia 31 de março. Atualmente vários professores estão em greve e vários cursos estão sem funcionar, casos da Engenharia de Produção e Engenharia Civil, entre outros.
A faculdade não paga os salários e direitos trabalhistas dos professores desde novembro de 2010 e já foi multada em mais de R$ 3 milhões, além de responder a inúmeros processos na justiça trabalhista e civil.
Os universitários dos cursos paralisados reclamam que perderam o semestre. O estudante de Engenharia de Produção, Cassiano Tavares, afirma que como a maioria das instituições de ensino adota o regime semestral, como já se passaram 100 dias sem aulas já foi esgotado o limite máximo de faltas, que é de 25% do total do número de aulas. “Nós estamos desanimados. Fomos abandonados pelo MEC e pelos políticos. Ninguém fez nada, a não ser o gerente do Ministério do Trabalho, Morillas Júnior. Entregamos um grande dossiê ao MEC, que nos desamparou e nos deixou à mercê da direção da Fadisc. Nossa situação é desesperadora”, comentou ele.
O estudante Ronaldo Gonçalves disse ontem que a boataria do fechamento da Fadisc é enorme. “Realmente não temos nada oficial, mas os comentários dão conta de que a instituição vai fechar as portas no próximo dia 31 de março. É o que todos os alunos estão falando”, ressaltou ele.
O Dossiê Fadisc entregue ao MEC elencou 13 acusações contra a instituição de ensino, como necessidade dos pagamentos das mensalidades por parte dos alunos em juízo; acervo da biblioteca defasado; falta de laboratórios; falta de reconhecimento dos cursos; falta de coordenadores dos cursos; não acompanhamento do regimento interno; prédio com várias avarias, prédio com várias penhoras judiciais; prédio com vários insetos; retenção de diplomas pagos pelos alunos formados, não reinício do ano letivo para o curso de Engenharia de Produção, possibilidade de greve dos professores por falta de pagamento e rematrícula fraudulenta.
O gerente regional do Ministério do Trabalho e Emprego, Antonio Valério Morillas Júnior, afirmou ontem que caso a Fadisc encerre as atividades, os funcionários e professores terão que ingressar na Justiça do Trabalho com processos para tentar receber seus direitos. “Se, no futuro, algum bem da instituição for à leilão, os recursos poderão ser destinados aos trabalhadores”. Quanto a blitz realizada recentemente na Fadisc, ele afirmou que o valor vai ser bastante alto. “As irregularidades são várias e eles (da Fadisc) são reincidentes. Então ainda leva um tempo até concluir tudo”.
O presidente da Federação dos Professores de Instituições Particulares do Estado de São Paulo, Celso Napolitano, ressaltou que o fechamento da Fadisc é algo líquido e certo. “Tem que fechar mesmo. Como pode uma faculdade particular não pagar professores? O que eles querem? O que é surreal e de se admirar é como algum aluno ainda freqüenta aula numa faculdade em decadência como esta. É uma pocilga que vai ter que pagar na Justiça do Trabalho tudo o que deve. A demissão que eles fizeram contra os professores grevistas é ridícula, pois quem demite tem que pagar e eles não tem moral nem autoridade para isso, pois não cumprem as leis”, conclui ele.
Outro lado – A reportagem tentou ontem novo contato com a diretora acadêmica da Fadisc, Lara Seneme Ferraz, para comentar o assunto. A secretária disse que ela estava em uma reunião e não poderia atender. Ela não retornou à ligação. Além disso, desde o início da crise, Lara se nega a fornecer qualquer informação. A única gravação que A FOLHA tem de Lara foi obtida por um jornalista infiltrado em meio aos estudantes numa reunião.